Soja: excesso de produção exige atenção na próxima safra

Publicado em 26/05/2010 14:11 e atualizado em 26/05/2010 15:01
A safra 2010/1 começa com uma má notícia: os EUA, maiores produtores mundiais de soja, estão plantando área recorde e reforçando o que chamamos de transição do mercado de demanda para o de oferta, com efeito negativo sobre as cotações.

O Usda estima 31,6 milhões de hectares, mas não causará espanto se a extensão for ainda maior. Com produtividade normal, o país colherá algo entre 90 milhões e 91 milhões de toneladas.

Isso não seria problema se estivessem em jogo somente os estoques norte-americanos, que estão entre os mais baixos já registrados.

O complicador é que a possível supersafra será colhida logo após a América do Sul despejar no mercado a produção recorde de 2009/10.

Com área maior e ajuda do El Niño, os sul-americanos colheram 133 milhões de toneladas, deixando para trás a frustração de 2008/9.

Por conta da quebra pela seca daquela safra, 2009 foi melhor que o esperado para a maioria dos produtores, pois a combinação de Argentina quase fora do mercado e China comprando mais do que nunca inflou os preços.

Agora, porém, o quadro é outro. Mesmo com estoques baixos nos EUA, a recuperação sul-americana fez os estoques mundiais saltarem 48%, para 63,8 milhões.

Embora a China continue importando com fôlego impressionante -e esse é um dos fatores que mantêm a soja acima de US$ 9 por bushel na Bolsa de Chicago-, quem está no comando é a oferta.

Considerando-se somente fundamentos, portanto, o cenário é de baixa. Isso pode mudar nos próximos meses se os EUA enfrentarem problemas climáticos ou se houver melhora no mercado financeiro, o que levaria os fundos de investimento a recuperar o gosto pelo risco e a retomar as apostas em commodities agrícolas.

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Fonte: Folha de SP

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