Sem mudanças no clima, preço da soja dificilmente se recuperará
Vencimento futuro | Fechamento US$/bushel | Variação Cents/bushel | Equivalência em US$/saco, posto Chicago | Máxima US$/bushel | Mínima US$/bushel |
Julho | 9,35 | -8,50 | 20,61 | 9,51 | 9,31 |
Agosto | 9,15 1/2 | -5,00 | 20,18 | 9,29 | 9,13 |
Setembro | 8,99 3/4 | -3,50 | 19,84 | 9,03 | 8,97 |
Nesta quinta-feira, 10 de junho de 2010, as cotações futuras de soja relativas aos três primeiros vencimentos fecharam com perdas moderadas, na Bolsa Mercantil de Chicago (CME), conforme a tabela acima. Os dados contidos no Relatório (WASDE) de junho publicado nesta data pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) vieram aproximadamente em linha com as expectativas prévias dos participantes do mercado futuro da oleaginosa em Chicago e foram considerados neutros.
O mercado futuro de soja na citada praça internacional abriu em alta. O Dólar dos EUA desvalorizou-se perante o Euro e perante outras moedas livremente conversíveis. Os preços futuros de petróleo (vide segundo gráfico abaixo) trabalharam em alta, na Bolsa Mercantil de Nova Iorque (NYMEX). A fraqueza do Dólar e a firmeza dos preços de petróleo são normalmente reconhecidas como fatores altistas. Além disso, o USDA também informou nesta quinta-feira que os registros de venda de soja norte-americana para exportação efetuados na semana passada totalizaram 550.600 toneladas, bem acima portanto das estimativas prévias mais otimistas do mercado (500.000 toneladas).
Com respeito a soja, o USDA reduziu nesta data tanto o estoque final previsto para a safra velha norte-americana (2009/2010), como o estoque final projetado para a safra nova dos EUA. Em um caso, como no outro, a redução foi a mesma, ou seja, de aproximadamente136.000 toneladas (5.000.000 de bushels). Desta forma o estoque final indicado para a safra velha situou-se em aproximadamente 5.035.000toneladas, enquanto o estoque final esperado para a safra nova (2010/2011) foi ligeiramente reduzido para 9.800.000 toneladas. Obviamente, estas duas previsões dependerão para concretizar-se de clima favorável, tanto nos meses restantes de safra velha, como nos meses de safra nova.
Considerados os fatos e dados altistas acima referidos, aparentemente, não há outra explicação plausível para as perdas modestas indicadas na tabela acima senão que: (i) os participantes do mercado em Chicago contavam com reduções mais expressivas dos estoques finais previstos para as duas safras - algo bem mais significativo do que a redução efetiva de apenas 5.000.000 de bushels (cerca de 136.000toneladas); e (ii) os mesmos participantes do mercado têm recebido nos últimos dias amplas informações sobre o excelente desenvolvimento das lavouras norte-americanas de soja, embora ninguém possa garantir que o clima continuará de muito bom a excelente, do presente momento até meados de agosto.
É possível, embora não necessariamente provável, que qualquer rally alta mais expressivo das cotações futuras de soja entre a data presente e o mês de agosto venha a depender de algum expressivo susto climático (ou algum expressivo dano climático) capaz de instilar nos participantes do mercado em Chicago forte temor de um estoque final de safra velha norte-americana (2009/2010) significativamente menor do que os mencionados 5.000.000 (cinco milhões) de toneladas da oleaginosa.
Tal possibilidade, se viesse a ser confirmada, criaria o fantasma de aprofundado estresse da oferta global de soja. Enquanto, porém, o clima continuar muito favorável no Meio-Oeste e no Delta do Mississipi, as chances de recuperação das cotações futuras de soja em Chicago passarão a ser progressivamente cada vez mais tênues.