La Niña: Soja e milho sob risco

Publicado em 08/09/2010 07:35
Volume de chuvas poderá ficar abaixo do registrado no ano passado e assim atrasar as janelas de plantio das culturas.
A pouco mais de uma semana para o início da temporada de plantio de soja – ciclo 2010/11 – os produtores de Mato Grosso acendem a luz amarela no campo ante a iminência de um novo evento de La Niña, quando ocorre um processo de resfriamento das águas do Oceano Pacífico, provocando alterações climáticas e retardando a ocorrência de chuvas a partir da primavera. A primeira conseqüência do fenômeno é o atraso no plantio de soja e, consequentemente da safrinha de milho.

De acordo com os meteorologistas, a previsão é de um episódio de intensidade moderada a forte e deve durar pelo menos até o outono de 2011. O mais recente episódio de La Niña ocorreu no verão de 07/08.

Na avaliação dos produtores, as chuvas poderão chegar mais tarde nos meses de outubro e novembro em Mato Grosso, influenciando o plantio de soja, com possibilidade de quebra de produção. Os sojicultores estão em alerta.

“O volume de chuvas será menor, por isso o produtor deve estar atento e evitar o plantio muito cedo se as condições climáticas não estiverem favoráveis”, alerta o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Luiz Nery Ribas. Ele acredita que este ano haverá menos chuvas no período de setembro a novembro. Segundo ele, solo muito quente e falta de chuvas podem atrasar a germinação e até matar a planta. “O produtor terá de ter muita cautela e esperar o melhor momento para iniciar a semeadura”, recomenda.

Para Fabiano Siqueri, pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária do Estado (Fundação MT), algumas regiões do Estado terão o plantio atrasado em função das chuvas tardias.

“É importante o produtor e sua equipe planejarem bem a próxima safra de soja. Sabemos que o clima interfere, mas não é só isso. É preciso levar em consideração uma série de fatores como bom manejo do solo, escolha correta das cultivares, fazer um bom tratamento das sementes, uso correto de insumos, dentre outros. A influência do La Niña pode ser negativa se o produtor não se preparar, não usar as ferramentas corretas de plantio”, adverte o pesquisador.

A previsão climática indica que nos meses de outubro e novembro deste ano o volume pluviométrico será abaixo da média registrada no ano passado, retardando o início do plantio. O segundo impacto será a redução da área plantada do milho safrinha, que é cultivado, em parte, sobre as áreas da oleaginosa.

Região - Na região de Sorriso – município com a maior área destinada ao cultivo de soja do país - (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), as chuvas têm início normalmente nas duas primeiras semanas de outubro, mas as previsões indicam que a regularização deve ocorrer somente na segunda quinzena do mês. De acordo com o presidente do Sindicato Rural do município, Elso Pozzobon, para a soja a situação não preocupa, porque não afeta o desenvolvimento da lavoura. “O problema é que o atraso pode provocar uma redução nas áreas aptas ao plantio do milho safrinha, que vai ocupando as áreas aonde a soja vai sendo colhida a partir de janeiro do próximo ano", lembra.

Na safra 09/10 foram semeados em Sorriso 600 mil hectares e a produção chegou a 2 milhões de toneladas. O milho é plantado somente na segunda safra e ocupou uma extensão de 240 mil hectares na última temporada. A janela de plantio do cereal vai da primeira quinzena de janeiro até 20 de fevereiro.

Tags:

Fonte: Diário de Cuiabá

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Início de greve na Argentina faz farelo subir mais de 3% em Chicago e soja intensifica altas nesta 2ª
Soja/Cepea: Abril avança com as maiores médias do ano
Soja: Preços sobem em Chicago nesta 2ª feira, mas ainda precisando de novas notícias para se consolidar
Soja em Chicago encerra a sexta-feira (26) com leves baixas diante de clima favorável ao plantio nos EUA; semana foi de recuperação
Soja: Mercado em Chicago ameniza baixas e opera com estabilidade nesta 6ª