Com preços firmes, sojicultor mantém otimismo apesar de La Niña

Publicado em 09/09/2010 09:33
Perto de começar o plantio da safra 2010/11, produtores de soja do Brasil estão mais animados com os bons preços internacionais da oleaginosa do que preocupados com eventuais prejuízos que o fenômeno climático La Niña poderá causar para a próxima colheita.

"A chuva atrasa, mas ela vem", afirmou o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, Glauber Silveira, quando questionado sobre os efeitos do La Niña para a região central do Brasil.

No Centro-Oeste e no Sudeste, as chuvas de primavera tendem a demorar mais para chegar quando ocorre o La Niña, mas o volume de precipitações não é reduzido, diferentemente do que acontece no Sul do país, onde estiagens podem ocorrer durante o verão em anos de ocorrência do fenômeno climático.

"O produtor vai aguardar a chuva, choveu ele planta... No ano passado, o pessoal plantou mais cedo, pensando em ampliar a área de milho. O que pode acontecer é o pessoal diminuir a área de milho, se atrasar o plantio da soja", acrescentou Silveira.

Normalmente, as primeiras áreas de soja em Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil, começam a ser semeadas assim que as chuvas voltam ao Estado, em meados de setembro, após o período seco do inverno.

Quanto mais cedo os produtores iniciam a semeadura, antes eles podem realizar a colheita e já plantar em seguida o milho segunda safra, para que o cereal possa receber bons volumes de chuvas antes de o período seco começar novamente.

De qualquer modo, o representante dos produtores salientou que a maior parte do plantio em Mato Grosso é sempre feito entre 15 de outubro e 10 de novembro, quando este ano as chuvas já deverão ter chegado em volumes mais abundantes, segundo a Somar Meteorologia.

"Continua o tempo seco. A previsão é de que ocorram chuvas significativas somente a partir da segunda quinzena de outubro", afirmou o agrometeorologista da Somar Marco Antônio dos Santos.

Segundo ele, caso algum produtor da região central do país se arrisque a plantar antes da segunda quinzena de outubro, a safra poderá ter problemas de germinação.

Já no Sul do Brasil, ressaltou Santos, a situação é mais preocupante, pois pode faltar chuva na estação do calor, o que tem deixado especialistas cautelosos com previsões para a próxima safra.

Consultorias agrícolas importantes têm indicado que a temporada 2010/11, embora com uma área plantada possivelmente maior, poderá resultar em uma colheita menor, com produtividades inferiores aos ótimos patamares da temporada passada, quando o El Niño trouxe chuvas generalizadas e o Brasil colheu um recorde de 68,5 milhões de toneladas.

Mercado firme

"Dois fatores são analisados pelos produtores: um é o La Niña, não tem dúvida, mas também a questão da preocupação de falta de alimentos no mundo... Essa é a grande realidade, por isso deverá ocorrer uma recuperação de preços de commodities agrícolas", opinou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Sperotto.

O contrato referencial da soja em Chicago, cotado hoje a aproximadamente 10,50 dólares por bushel, registra uma alta de mais de 15 por cento ante valor verificado para o mesmo vencimento da bolsa na mesma época do ano passado, em meio à forte demanda global e na esteira de perdas de safras de trigo na Europa.

"Então o produtor rural não vai intimidar-se com o (La Niña), pode adotar procedimentos de antecipação de plantio, isso sim", declarou ele, comentando que o La Niña traz chuvas agora para o Sul antes de provocar uma seca.

O presidente da Aprosoja tem posição semelhante ao produtor gaúcho em relação ao mercado, ponderando que os agricultores ficaram mais animados com o recente pico nos preços.

O dólar, variável que também determina a formação da cotação em reais, está ligeiramente mais fraco em relação a setembro de 2009, mas ainda assim caiu menos no período (-5,5 por cento) do que subiram os preços internacionais da soja.

Os prêmios nos portos brasileiros em relação a Chicago, para embarque em março do ano que vem, estão em torno de 70 centavos, outro indicador da boa demanda pelo produto.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário