Sojicultores vão buscar apoio das universidades brasileiras

Publicado em 13/09/2010 07:56
Além da falta de organização política, outro abismo que faz a diferença entre mato-grossenses e norte-americanos é a falta de integração entre o campo e as universidades. Fazendo parte da nova geração de produtores em Mato Grosso, o produtor Rafael Gatto, de Sorriso, resume bem a realidade local em relação às pesquisas: “A gente testa no campo e depois leva para indústria. Não há intercâmbio com as faculdades e com a academia”.

O líder da comitiva mato-grossense nos Estados Unidos e diretor da Aprosoja/MT, Ricardo Arioli, reconhece a falta do segmento com este elo do conhecimento. “As universidades, de modo geral, estão distantes da sociedade. Nossa intenção agora é destinar recursos e mão-de-obra qualificada para a implantação de um laboratório nacional da soja aqui no Brasil, como vimos na Universidade de Illinois”.

Toda a pesquisa de soja dos Estados Unidos se concentra no laboratório nacional de pesquisas da soja da Universidade de Illinois. Dos US$ 40 milhões anuais destinados à pesquisa, 45% vêm dos sojicultores por meio do ‘checkoff’, um fundo nacional equivalente ao Facs, que recolhe 0,5% do preço de venda da saca da soja.

Os trabalhos recentes da unidade estão voltados para cruzamentos de variedades produtivas – por meio da biotecnologia -, investigação de doenças e outras patologias, como a Síndrome da Morte Súbita, doença que vem vitimando plantas na atual safra, principalmente em Iowa, como explica a gerente de pesquisas do Laboratório, Linda Kull.

Os produtores de Mato Grosso também visitaram a unidade de extensão da Universidade de Iowa, que tem vem desenvolvendo um importante trabalho de pesquisas sobre nematóides, uma espécie de verme que vive no solo, de difícil combate e que se alimenta das raízes das plantas. O doutor Greg Tylka conta que os nematóides são o principal problema das lavouras de soja e milho nos Estados Unidos e que compromete a uniformidade e a produtividade das lavouras. A estimativa é de que 75% do solo norte-americano ‘hospede’ os nematóides.

Tylka e o doutor John Holmes, explicam que não há um levantamento sobre prejuízos, porque não se sabe quantos produtores utilizam variedades mais resistentes e como tem sido feito o manejo nas lavouras. “A incidência está por todo o país, o combate é oneroso e cabe ao produtor aprender a lidar com eles. O rigoroso inverno apenas reduz a atividade deles e a saída é manter a rotação de culturas entre soja e milho. A cada dez anos fazemos um levantamento sobre a incidência dos nematóides”. O sistema de plantio direto reduz a praga, mas não elimina o problema. “O que observamos é que é mais fácil manter a população dos vermes baixa por meio da rotação e do uso de cultivares mais resistentes”, aconselha Tylka.

Rumos – A pesquisa é algo tão levado a sério nos Estados Unidos, que mesmo na iminência de perdas consideráveis à soja, por conta da forte incidência da morte súbita, a Associação dos Produtores de Soja de Iowa (ASA) está preocupada em descobrir a causa certa da doença, ao invés de contabilizar perdas pontuais.

Ainda segundo membros da ASA, estudos com o intuito de desvendar o mal estão em andamento. A doença tem sido comum no meio-oeste norte-americano, região que concentra a produção nacional de grãos.

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Diário de Cuiabá

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