Soja: Usda ignora problemas nas lavouras

Publicado em 13/09/2010 08:18
Síndrome da Morte súbita: Grandes produtores de Iowa afirmam que doença apareceu mais cedo e que 2010 é o pior dos últimos 40 anos. Redução não será inferior a 10%
Para a secretária-executiva da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat/MT), Andrea Barnabé, que pela segunda vez integrou a comitiva mato-grossense que visitou por dez dias o meio- oeste norte-americano – cinturão da produção de grãos naquele país– as lavouras de soja estão piores do que as vistas no ano passado. Além de sofrer um estresse hídrico na reta final do desenvolvimento por causa da estiagem prolongada - como foi observado em lavouras de Illinois - a Síndrome da Morte Súbita, uma doença fúngica, está preocupando sojicultores em Iowa, estado que concentra a maior produção dos Estados Unidos.

O produtor Dick Blomgren, de Boone, em Iowa, foi o descobridor dos nematóides na região e agora se depara com outro problema: a morte súbita, que mata a planta e derruba, assim, a produtividade. A poucos dias do início da colheita, ele teme perdas, que em algumas regiões podem chegar a 50%. A doença não consta dos números do relatório de setembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgado na última sexta-feira, que, contrariando a expectativa do mercado, ao invés de reduzir a produtividade em função dos problemas já relatados, ampliou o volume da nova temporada.

Ele conta que entre a primeira semana de junho até 15 de julho, teve cerca de 13 acres (pouco mais de 5 hectares) submersos em função da intensidade das chuvas. A Síndrome surgiu no começo de julho e segundo ele nunca havia aparecido tão cedo. O registro da doença, que surgiu em 1978, se deu em outros ciclos entre final de julho e começo de agosto.

“Este é o pior ano dos últimos 40”, afirma. Iowa, assim como Mato Grosso, é o principal estado produtor de soja e na safra passada atingiu a cobertura de 3,88 milhões de hectares. Blomgren cultiva nesta safra pouco mais de 1,2 mil hectares de soja e milho.

Constatando a presença da doença no sul e centro-sul de Iowa, ele aposta em uma perda global não inferior a 10%. Ele e os pesquisadores da Universidade local acreditam que a maior incidência da morte súbita pode estar em áreas com forte presença de nematóides. “Hoje a nossa maior preocupação é desvendar a morte súbita”, frisa. No ano passado, as lavouras, além dos ‘tradicionais’ nematóides – considerados terrores da produção norte-americana – sofreram a incidência dos pulgões-da-soja (Aphis glycines), que assim como outras pragas e doenças reduz o potencial produtivo, influenciando diretamente no rendimento por hectare, sem falar na necessidade da intensificação de inseticidas, o que onera o custo de produção.

Jim Legvold, produtor em Vincent, também em Iowa, planta volume menor em relação ao colega, cerca de 500 hectares, e frisa que a morte das plantas será decisiva para redução da produtividade. “A quebra é fato”. Em função dos problemas observados nas últimas safras e em função de fatores mercadológicos, ambos pensam em ampliar a área de milho em detrimento da soja, mudança que vem sendo registrada ano a ano nos Estados Unidos. “Milho não tem nematóides como na soja, não tem morte súbita e tem mercado”.

2011 – Diante da constatação de que este é o pior ano nas últimas quatro décadas, os produtores foram questionados sobre o momento de decisão sobre o planejamento da nova safra. Os norte-americanos mal concluíram o plantio e já se veem às voltas de uma escolha entre o milho e a soja. Jim Legvold explica que o rally de preços para 2011 é quem decreta a inclinação das lavouras a um ou outro grão, mas pretende manter algo em torno de 50% para cada. Já Dick acredita que com o bushell a US$ 10, vai vender a cada alta de 0,25 e isso será determinante para ele.

USDA – O relatório da última sexta-feira afirma que a produção de soja nos Estados Unidos, na safra 10/11, deve ser maior que o estimado no mês anterior, contrariando as expectativas do mercado, que previa redução. Segundo o órgão, os 93,4 milhões de toneladas estimados em agosto deram lugar para um número mais robusto, de 94,8 milhões de toneladas. O incremento se sustenta na elevação da produtividade que passou de 49,3 sacas/hectare para 50,1.

Em relação ao milho o efeito foi contrário, o mercado esperava mais, como aponta a AgRural. O Usda calculou a área de em 35,57 milhões de hectares, com produção de 334,28 milhões de toneladas e produtividade de 169,98 sacas por hectare. O mercado esperava média de 335,26 milhões de toneladas e rendimento de 170,60 sacas por hectare.

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Diário de Cuiabá

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