Grãos em alta na CBOT refletem preocupação com oferta global

Publicado em 20/09/2010 10:53
Seguindo a movimentação da semana passada, o mercado continua reduzindo a expectativa de colheita de milho nas lavouras norte-americanas em meio a reportes recorrentes indicando produtividades abaixo do esperado nas principais regiões produtoras do país. Da mesma forma contribuem ao movimento, preocupações com relação ao tempo na China, com modelos sinalizando o risco de geadas para os próximos dias sobre áreas produtoras ao norte do gigante asiático, percepção que adere a previsões extra-oficiais de que a safra chinesa do grão tende a ser significativamente inferior ao projetado pelo governo na semana passada (em torno de 10 mi/tons).

Com o temor de uma oferta mais ajustada, o mercado busca sustentação na tentativa de reprimir a demanda e, principalmente garantir área de plantio na próxima temporada, não apenas nos EUA, mas também nas demais áreas de produção globais, já que, com a possibilidade de que a produtividade final nos EUA fique abaixo dos 160 bu/acre, os estoques finais facilmente perderiam a marca psicológica de 1 bi de bushels.

Em meio a este quadro explosivo para o milho, as culturas concorrentes por área, da mesma forma com um cenário fundamental distante de uma condição de conforto, acompanham a briga por área, antevendo que, a firmeza da demanda global associada ao crescente poder de compra da população de economias emergentes tende a manter os estoques globais essencialmente ajustados. Neste caso, merecem destaque o algodão e a soja.

A oleaginosa, além da briga por área, encontra suporte na preocupação com a safra sul-americana 2010/11, cujo plantio esta atrasado em função da baixa umidade nos solos da região centro-oeste, elevando o risco de incidência de ferrugem ao final do ciclo de desenvolvimento da cultura especialmente no MT. Previsões reportadas na manhã de hoje indicam o retorno da umidade sobre áreas ao sul do MS, GO no final do mês, porém, a maior parte da região produtora do centro-oeste continuará registrando escassez de umidade. Se não bastasse o atraso no plantio da principal região produtora do país, modelos de médio prazo continuam sinalizando a possibilidade de umidade abaixo do normal sobre as regiões produtoras da Argentina, sul do Brasil e Paraguai nos próximos meses, também reflexo do fenômeno La Niña.

Em função disso, embora a percepção inicial de que os estoques globais de soja encontram-se em níveis “confortáveis”, a demanda firme associada as boas margens de processamento nas principais áreas consumidoras globais tende a manter este mercado essencialmente sustentado a frente seja pela necessidade de incentivo ao plantio, seja pelo risco climático na América do Sul.

Na manhã de hoje, o USDA anunciou a venda de 225 mil t de soja para a China, 165 mil t de milho para a Coréia do Sul e 110 mil t de milho para destinos não informados, confirmando a percepção de demanda firme, mesmo nos atuais patamares de preço.

Além do cenário fundamental, outro aspecto que atua de forma determinante as altas recentes nos mercados de grãos, fibras e oleaginosas tem sido o fluxo especulativo. Em meio a baixa rentabilidade em investimentos alternativos (mercados acionários instáveis, títulos soberanos com taxas historicamente baixas) e volatilidade extrema nos mercados cambiais com a percepção evidente de perda da referência para com as principais moedas globais no que tange a reserva de valor, grandes agentes seguem migrando para o investimento em ativos tangíveis, dentre as quais as commodities agrícolas destacam-se dado o cenário fundamental acima.

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Fonte:
XP Agro - Ricardo Lorenzet

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