Safra de soja pode chegar a 70 milhões de toneladas

Publicado em 30/09/2010 16:36

A perspectiva de uma primavera mais seca na região central vai se confirmando, embora persistam dúvidas em relação ao impacto real da estiagem prolongada sobre a safra 2010/2011, que deve começar a ser cultivada em outubro nas maiores regiões produtoras. Algumas áreas do Centro-Oeste estão sem chuva há mais de 120 dias e a expectativa é de que as primeiras precipitações ocorram na primeira semana de outubro, a tempo de permitir que os agricultores cumpram o calendário agrícola.

Por culpa do fenômeno La Niña, causado pelo resfriamento das águas do Pacífico, "a agricultura brasileira enfrentará um ano mais seco", confirma Alexandre Mendonça de Barros, da MBAgro, com possíveis consequências principalmente para as lavouras perenes. "A estiagem ocorre no momento de floração do café (com colheita estimada em 47,2 milhões de sacas em 2010) e da laranja e isso pode provocar casos de aborto na florada, impedindo a formação de frutos".

A seca provocou redução na produtividade da cana, fazendo a produção do Centro-Sul recuar de 610 milhões a 620 milhões de toneladas previstas inicialmente para 570 milhões de toneladas, constata Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria de cana de Açúcar (Unica). A ausência de chuvas, afirma Barros, pode chegar a comprometer a rebrota da cana, o que acabaria afetando também o ciclo seguinte.

Para os grãos, o cenário para o próximo plantio parece definido, porque os produtores, na maioria dos casos, definiram as compras de insumos, asseguram tanto Barros quanto Marcos Rubin, analista de mercado da Agroconsult. Se o clima não atrapalhar, Rubin espera alguma redução na área destinada ao milho, com avanços para a soja e o algodão. A evolução dos preços dessas commodities no mercado internacional e, mais uma vez, as condições climáticas podem interferir nos prognósticos, alterando as decisões de plantio em regiões onde a atividade se inicia um pouco mais tarde.

Dadas as condições em vigor no começo deste mês, Anderson Galvão, diretor da Céleres, previa queda de 5,7% na área destinada ao cultivo do milho a ser colhido no próximo verão, o que significaria o terceiro ano de baixa. A segunda safra do grão, ou safrinha, tenderia a ser plantada numa área 2,8% maior do que no ano agrícola passado, mas o avanço esperado poderá superar a previsão inicial. "O cenário atual de preços justifica um incremento mais importante para a safra de inverno e pode influenciar na decisão de plantio da safra verão nos Estados onde o plantio é feito mais tarde, como Minas Gerais e São Paulo", diz.

Ele pondera que o clima tem sido o principal fator a limitar o alcance das previsões para a próxima safra. O quadro de baixa umidade em boa parte do Centro-Sul, que poderá retardar os trabalhos de cultivo da safra de verão, "poderá implicar em atrasos no plantio da safra de milho inverno, aumentando consideravelmente o risco climático e o potencial produtivo."

A produção de soja deverá se aproximar de 70 milhões de toneladas, um novo recorde. Rubin, da Agroconsult, trabalha com uma previsão de aumento da área plantada em 700 mil hectares no próximo ciclo, elevando o total de 23,3 milhões para 24 milhões de hectares. Se a produtividade média repetir a da safra mais recente, em torno de 2,9 mil toneladas por hectare, a colheita estaria próxima do recorde previsto, mesma previsão da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

No caso do algodão, diz Galvão, "a redução dos estoques mundiais, como efeito de safras menores nos últimos dois anos, aliada à demanda aquecida, resulta em condições de forte recuperação nas cotações, a exemplo do que foi observado nos últimos meses". Os níveis atuais dos preços da fibra, próximos ou até superiores a 90 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, levaram "os produtores brasileiros a retomar boa parte da área que deixou de ser cultivada desde 2008, aproveitando da infraestrutura existente".

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Fonte:
Valor Econômico

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