Soja: ‘Janela’ de plantio está aberta em MT

Publicado em 15/10/2010 07:41
Ciclo da oleaginosa chega ao melhor momento para o cultivo no Estado, mas solo seco derruba teoria e provoca replantio.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) recomenda o início do plantio da soja, em Mato Grosso, a partir de agora. “Já é o momento”, diz o presidente da entidade, Gláuber Silveira. Há exatamente um mês o cultivo foi liberado com o fim do Vazio Sanitário – período que proíbe a existência de plantas vivas por 90 dias – mas poucos hectares estão cultivados, num atraso jamais visto pelo segmento.

Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio no Estado está bastante atrasado. “No ano passado já estávamos com 14% da área plantada, cerca de 800 mil hectares. Este ano, até agora, temos apenas 2% das lavouras semeadas, ou cerca de 130 mil hectares”, lembrou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Rui Otoni do Prado. Ele também acha que já é hora de iniciar o plantio de soja no Estado. Este ano Mato Grosso deverá plantar cerca de 6,24 milhões de hectares de soja, contra 6,22 milhões no ciclo passado.

A orientação da Famato e da Aprosoja/MT não é avalizada por agrônomos, especialistas e entidades de pesquisa do Estado, que ainda consideram a época inadequada para o plantio devido à estiagem que ainda assola regiões produtoras e não oferece umidade ideal no solo. Apesar de na teoria este ser o melhor momento ao cultivo da soja, a chamada ‘janela’ de plantio – que vai de 15 de outubro a 15 de novembro -, na prática não revela condições.

“Quem plantar agora corre o risco de perder e ter de fazer o replantio”, alerta o agrônomo Egídio Raul Vuaden, vice-presidente da Fundação de Pesquisas Rio Verde. “Conheço gente que será obrigada a replantar porque iniciou a semeadura cedo. Na nossa região [Lucas do Rio Verde} tivemos apenas umas duas chuvas fracas, que ainda não permitem o plantio. Tenho uma área de 550 hectares, mas ainda não plantei porque o solo oferece boas condições de umidade”.

Segundo ele, um produtor na região de Lucas plantou 4 mil hectares de soja precoce há cerca de 15 dias, mas até agora a planta ainda não germinou. Lucas do Rio Verde está a 360 quilômetros ao norte de Cuiabá.

CAUTELA - Segundo o presidente do Sindicato Rural de Tapurah (433 quilômetros ao norte de Cuiabá), Marusan Ferreira Barbosa, a área plantada no município, que no ciclo 10/11 deve ficar em 120 mil hectares, não chega a 3% porque os produtores continuam cautelosos.

Agmar Lima, agrônomo nas regiões de Nova Mutum, Diamantino e São José do Rio Claro (todas no médio norte mato-grossense), diz que o volume de chuvas ainda é muito pouco. “Acho que plantar agora é arriscar”. Ele diz que “tem um ou outro produtor” tentando plantar, mas corre o risco de perder as sementes. “As chuvas realmente estão muito atrasadas, mas o produtor não deve se precipitar e tomar uma decisão de plantar sem que o solo esteja com umidade suficiente”.

Os pesquisadores acreditam que a maioria das regiões continuará com o plantio atrasado em função das chuvas tardias durante a primavera, que vai até à segunda quinzena de dezembro. “O produtor deve fazer um bom planejamento da safra de soja, com um eficiente manejo do solo, escolha correta das cultivares, tratamento de sementes e uso correto de insumos. Todo cuidado é pouco neste momento em que as previsões de chuvas ainda são muito tímidas”, afirmam.

Na avaliação da pesquisadora Divânia de Lima, para minimizar os riscos de perda de produtividade os produtores podem adotar práticas como o escalonamento de épocas de semeadura, aliada à utilização de cultivares de diferentes ciclos de maturação.

Produtores – Indiferentes às recomendações dos pesquisadores, os produtores não conseguem esperar por mais tempo para que as chuvas dêem o sinal verde para o início do plantio. Em algumas regiões do Estado o plantio já começou, embora timidamente.

“Acredito que agora já estamos num bom momento para iniciar o plantio de verdade, pois choveu bastante no último final de semana em várias regiões, como Sapezal e Campos de Júlio. Acho que o risco maior para o produtor já ficou para trás”, diz o presidente da Aprosoja, Gláuber Silveira.

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Fonte:
Diário de Cuiabá

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