Mercado de grãos se rende à especulação do USDA

Publicado em 15/10/2010 11:24
Uma realidade no campo e outra nos relatórios oficiais. Esse é o pano de fundo do mercado de grãos nos Estados Unidos, no auge da colheita 2010/11, verificou na última semana a Expedição Safra RPC, que percorre o cinturão agrícola norte-americano entrevistando produtores, empresários e analistas  

Enquanto as colheitadeiras registram boas produtividades, elevando as médias que frustraram os produtores no início da temporada, o Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA, ainda recua em suas previsões.

Redução - Na sexta-feira (08/10), o órgão reduziu não só a expectativa de produtividade, mas a área da soja, em 500 mil hectares. A oleaginosa caiu de 31,6 milhões para 31,1 milhões de hectares. Isso, num momento em que a colheita no Corn Belt avança para mais de 40% da área. Para se ter uma ideia, o recuo assumido pelo USDA na soja equivale à área plantada na região de Cascavel. Já o milho, ganhou 100 mil hectares, passando para 32,8 milhões de hectares. O que impressiona no cereal é o volume da quebra. São 12,6 milhões de toneladas a menos na comparação com a previsão de setembro e 18 milhões ante a de agosto.

Estoques - Para completar esse quadro, os estoques estão cada vez mais apertados, diz o USDA. O volume que o país espera ter nos armazéns, no final da temporada, foi rebaixado de 28,3 milhões para 22,9 milhões de toneladas (-19%) no milho e de 9,5 milhões para 7,2 milhões de toneladas (-24%) na soja. São esses números é que fizeram as cotações subirem ao limite de alta, o máximo permitido para um único dia, na Bolsa de Chicago na sexta-feira. Depois do final de semana prolongado pelo feriado do Dia de Colombo, o mercado reabriu nesta terça-feira (12/10) com soja acima de US$ 11 e milho além de US$ 5 por bushel.

Colheita
- No estado de Indiana, a produção está saindo bastante seca das lavouras - um dos motivos da redução no resultado do milho em relação às duas últimas temporadas. Em Iowa, estado líder em grãos, é a umidade que prejudica parte dos produtores. No entanto, eles sustentam estar obtendo resultados melhores que os do início da safra. Já os estoques podem realmente estar em queda, justamente pelo fato de as cotações estimularem as vendas e os embarques.

Vendas - O especialista em vendas de grãos Craig Stevens, que atua em Rensselear (Indiana), afirma que os produtores venderam perto de um terço da produção antes de iniciarem a colheita e que estão atentos ao mercado na tentativa de negociar contratos no momento em que estiverem vigorando as melhores cotações do ano. Brandon Richard Këllner, que cultiva 4 mil hectares nessa região, mostra-se entusiasmado por estar alcançando produtividade de 3,68 mil quilos de soja e 12,85 mil quilos de milho por hectare, médias cerca de 5% abaixo das do ano passado, mas que este ano são uma boa referência nos Estados Unidos. Sua atenção agora volta-se para as cotações. Sem pressa de vender, ele mostra confiança na sustentação dos preços em crescimento.

Alagamentos - O produtor Ken Peart, de Scales Mount (IL), confirma que regiões próximas ao Rio Mississipi, tanto no estado de Iowa como no de Illinois, estão registrando quebra na produtividade por causa de alagamentos. No entanto, relata que a produtividade chega a 3,9 mil quilos de soja e a 13,8 mil quilos de milho por hectare. Esses são os índices que ele vem atingindo nos 650 hectares que divide entre as duas culturas, com larga vantagem sobre as médias do USDA.

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Fonte: Expresso MT

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