Atraso no plantio de soja priva MT de melhor proveito do preço

Publicado em 18/10/2010 06:59
Os futuros da soja oscilam perto do maior patamar em 14 meses na bolsa de Chicago, mas o produtor no principal Estado para a oleaginosa do Brasil, o Mato Grosso, tem sido privado de aproveitar ainda mais os bons preços por conta do atraso no plantio da safra 2010/11 em função da seca.

Segundo fontes do mercado, as negociações antecipadas para 10/11 com a soja de Mato Grosso só ocorrem para entregas no final de fevereiro e março. Agricultores agora preferem não vender para entregar antes desse período porque não sabem se terão o produto disponível precocemente, como ocorria em anos anteriores.

Os produtores mato-grossenses tinham semeado até quinta-feira 6,7 por cento da área esperada para a temporada 10/11, um atraso considerável em relação aos 22,4 por cento registrados na mesma época do ano passado, quando as chuvas chegaram antes e permitiram um plantio antecipado.
"Sabemos que estão ocorrendo negócios, pegou 12 (dólares por bushel em Chicago). Tem gente esperando 13 pra vender... Mas essa falta de chuvas está prejudicando a comercialização da nova safra", declarou o superintendente do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), Otávio Celidonio.

"Normalmente, quem consegue comercializar para entregar em janeiro e fevereiro, pega um preço melhor. Como não chove, como não sabe se vai ter o produto, tem gente que está segurando vendas por conta disso", acrescentou o representante do órgão ligado aos produtores.

No pregão noturno em Chicago, referência global para a soja, o primeiro contrato rompeu a barreira de 12 dólares por bushel pela primeira vez em 14 meses, com a forte demanda da China. Os vencimentos mais distantes estão sendo negociados acima desse valor.

Um trader de uma multinacional em Primavera do Leste (MT) confirmou a informação do Imea.
"Os produtores agora fazem mais negócios para (entrega em) março. Fizeram alguma coisa para janeiro e fevereiro, mais isso foi antes do atraso das chuvas", declarou.  Segundo a fonte, que prefere não ser identificada, se o produtor conseguir plantar até o final de outubro, ainda poderá iniciar a colheita em 10 de fevereiro e realizar as entregas.

Mas vendas feitas anteriormente para entrega em janeiro provavelmente terão que ser renegociadas. Ele disse que as tradings não costumam "executar" o produtor, se há um problema climático atrasando a entrega, mas pode haver uma mudança no valor acordado.

Dessa forma, a indústria provavelmente terá que consumir estoques para eventualmente honrar compromissos, no caso de haver uma demora para entregas.

Enquanto isso, nos Estados do Sul onde o plantio está adiantado no Paraná, também tendo sido iniciado no Rio Grande do Sul os negócios têm avançado.

Segundo a consultoria AgraFNP, na quinta-feira foram realizados acordos visando à nova safra a 42,30 reais a saca, na região de Cascavel e a 47,20 reais a saca, posto em Paranaguá.

No Mato Grosso do Sul, acordos saem entre 39 reais/saca e 40 reais, segundo a consultoria.

Impacto do Atraso

Segundo o superintendente do Imea, o atraso no plantio de Mato Grosso, embora esteja afetando alguns negócios, não é considerado por ora um risco para a produção do Estado. Seria uma preocupação somente para a segunda safra de milho, semeada logo após a colheita da oleaginosa.

"Até 25, 30 de outubro, o plantio tem que atingir 30 por cento da área pelo menos. Se chegar nesses dias e não tiver chegado naquele patamar, das duas uma: ou a área de safrinha cai ou a produtividade de milho entra em risco", disse Celidonio.

Ele admitiu que um atraso maior na soja pode levar alguns produtores a plantarem algodão no lugar da soja. Mas a oleaginosa perderia somente cerca de 100 mil hectares para a pluma, uma área pequena perto do total esperado, de mais de 6 milhões de hectares.

No final de semana, a chuva volta ao cinturão produtor de soja do Centro-Oeste. Mas os volumes ainda "não devem ser elevados", segundo a Somar Meteorologia.

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Fonte:
Reuters

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