Metade do óleo de soja de MT é destinada para biodiesel

Publicado em 21/10/2010 07:19
Com a expectativa de chegar a 2015 com uma produção de biodiesel de aproximadamente 1,8 milhão de metros cúbicos, ante os 285 mil produzidos no primeiro semestre deste ano, o Estado do Mato Grosso aposta no produto e prevê destinar mais da metade do óleo resultante do esmagamento da soja para esta finalidade. Além disso, o estado não prevê crescimento expressivo nas áreas de plantio na safra 2010/2011, principalmente pela falta de chuvas, e a concorrência do algodão.

O resultado da safra de soja do primeiro semestre deste ano destacou a produção de 583 metros cúbicos de óleo oriundo da soja, no qual mais da metade foi destinada ao biodiesel, que no ano passado absorveu um terço do óleo de soja processado no estado. Para o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Otávio Celidonio, esta tendência de crescimento será mantida nos próximos anos. "Vemos que este produto está ganhando muito destaque no Brasil, e o Mato Grosso já é o maior produtor de biodiesel. A expectativa é continuar crescendo", afirmou ele.

Celidonio afirmou que o preço pelo combustível está muito atraente, se comparado com a soja em grãos, ou o óleo. "Fizemos um calculo para saber se valia a pena produzir o biocombustível. Em agosto o faturamento médio com a soja em grãos estava em R$ 770 por tonelada, o óleo de soja estava em torno de R$ 680, e o biodiesel pagava R$ 864 por tonelada. É claro que o valor desses produtos pode variar, entretanto o produtor está cada vez mais confiante. A nossa expectativa é chegar a 2015 com uma produção próxima a 1,8 milhão de metros cúbicos do combustível".

Para o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, destinar mais da metade dos óleos derivados da soja para produzir o combustível, não afetará de forma alguma os estoques para consumo, tanto da soja, quanto do óleo. "Não vejo problemas nisso não, o óleo antigamente não valia nada, agora ele passa a valer algo. É claro que enquanto estivermos misturando 5% de biodiesel na gasolina tudo bem, agora se passarmos para 10%, a coisa pode complicar."

Cenário

O Estado de Mato Grosso prevê ampliar a área de plantio este ano de 6.217 milhões de hectares de 2009, para 6.241, e produzir aproximadamente a mesma quantidade do ano passado, algo em torno de 18,7 milhões de toneladas. Isso porque o estado teve muitos problemas com a falta de chuvas, o que acabou atrasando o plantio da commodity. Para o presidente da Aprosoja isso não é ruim, dado que 2009, foi considerado um excelente ano para o setor. "As chuvas já atrasaram um pouco o plantio da soja, mas isso não irá atrapalhar muito. A tendência para a soja é de crescimentos menores nos próximos anos, mesmo porque estamos produzindo quase na capacidade já", afirmou Glauber Silveira.

Para Steve Cachia, analista da CerealPar, o País também não vislumbra crescimentos maiores. A expectativa para este ano é de uma produção de 69 milhões de toneladas, que representa o mesmo montante de 2009. "A produção no ano passado foi bem por conta de um clima excelente, apesar do aumento de até 2% na área de plantio que estamos vislumbrando, teremos uma produção em linha com 2009. Períodos mais secos afetaram a produtividade, mas manteremos os níveis do ano passado, que foram muito bons", disse ele.

Cachia também comentou que os níveis de exportação da soja podem aumentar ainda mais por conta da demanda asiática. "Então eu acredito que a soja continuará sendo a vedete do setor, já que acredito que a demanda continuará crescendo. A China já é responsável por mais de 51% das nossas exportações", garantiu.

Já Otávio Celidonio acredita que o clima limitou o crescimento da produção, e atraiu a atenção dos produtores para o algodão, que também remunera bem. "A safra deste ano ainda está um pouco indefinida, por conta desse problema de chuvas. Existe uma faixa de 100 a 200 hectares de algodão de segunda safra que seria plantado depois da soja, mas com esse atraso no plantio, alguns produtores devem optar por não plantar a soja, e investir em algodão que paga melhor", frisou o presidente da Aprosoja.

O Estado do Mato Grosso já destina metade de sua produção de óleo de soja para o biodiesel. E a previsão é de que a produção destinada ao biocombustível continue a crescer pelo menos até 2015.

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Fonte:
DCI

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