Soja: Venda antecipada a nível recorde
Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que o estado encerrou o mês de outubro com 45% da safra comprometida. Consultorias privadas apontam números parecidos. A AgRural aposta em 43%, enquanto a AgraFNP trabalha com porcentual idêntico ao Imea. Em todos os casos, o índice está muito à frente do registrado nesse mesmo mês do ano passado, quando 29% da produção havia sido vendida.
Os números revelam que a comercialização da safra 2010/11 tem evoluído em ritmo inverso à semeadura em Mato Grosso. Estimulados pelos preços em alta, muitos produtores começaram a negociar a soja antes mesmo do início do plantio. Em meados de julho, antes mesmo dos trabalhos começarem, 15% estava comprometida. No final de setembro, um terço da produção já estava vendida.
Em um intervalo de apenas três meses, os produtores mato-grossenses fixaram quase 7 milhões de toneladas do grão, cerca de um terço da produção prevista para este ciclo. O combustível para a arrancada da comercialização foi a disparada das cotações. Na Bolsa de Chicago, o bushel (27,2 quilos) da soja saiu de US$ 10,5 em agosto para US$ 13 na semana passada. No mercado interno, praças como Rondonópolis já registram valorização de R$ 10 no preço da saca, hoje na casa dos R$ 48.
Vitório Cella, de Sorriso, é um dos poucos que foge à regra. E ainda assim, fez 30% de comercialização antecipada, um dos menores índices entre os produtores do estado. Ele conta que planta com recursos próprios e, assim, tem mais fôlego para especular. No final de outubro, ele já tinha soja vendida a US$ 16, US$ 19,50 e US$ 20.
Um pouco mais ousado, Fermino Lamera, também de Sorriso, travou antecipadamente 45% da safra. Seu pior preço, conta, foi US$ 18. Mas ele também aproveitou picos de US$ 20,30, o que lhe garante uma média de US$ 19,10/saca.