RS reduz exportações de soja, mas amplia processamento em óleo, farelo e biodiesel

Publicado em 31/01/2011 08:24
Estatísticas do porto de Rio Grande mostram a tendência de industrializar a commodity.
Um antagonismo na pauta das exportações gaúchas revela um promissor caminho do agronegócio do Rio Grande do Sul. A despeito do volume recorde de 10 milhões de toneladas de soja colhidas no Estado, as vendas externas da commodity recuaram 3,5% em 2010, resistindo inclusive ao apetite do principal protagonista do mercado internacional do grão, a China.

Após esmiuçar o desempenho das exportações gaúchas, a economista Cecília Hoff, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), admite ter ficado intrigada com a estagnação das vendas externas de soja do Estado.

– O problema maior parece ter sido mesmo a queda da demanda pelos grãos do Estado. Qual o motivo? – indaga.

Em uma aritmética simples, o mercado gaúcho absorveu as 2,1 milhões de toneladas de soja produzidas a mais em 2010 em comparação com a safra anterior em vez de encaminhá-las aos portos em grãos – volume que passou a ser vendido processado, aproveitado nas usinas de biodiesel ou até mesmo armazenado à espera de uma alta nos preços.

As estatísticas do porto de Rio Grande mostram a tendência de industrializar a soja, o que aumenta o valor agregado do produto, eleva a renda e gera mais empregos. Apesar do leve recuo nas exportações de grãos, os embarques de farelo subiram 35% e, de óleo de soja, 14,8% pelo porto. As 660 mil toneladas a mais de farelo embarcado em comparação com 2009 significam o processamento de outras 846 mil toneladas de soja.

Produtores mantêm estoques à espera de alta dos preços

Segundo o economista Rodrigo Feix, da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), no final do ano passado, sem deduzir os custos industriais, a margem bruta de esmagamento era US$ 46,70 por tonelada exportada. Para Feix, a explicação para o forte apetite local também está na produção maior de biodiesel, que superou o volume de 2009 em 70,5 mil metros cúbicos – total que demandaria pelo menos mais 300 mil toneladas de soja –, na melhora das margens de esmagamento da indústria e na crescente demanda interna por óleo e farelo.

Analistas e operadores avaliam que, devido ao preço baixo para o agricultor em boa parte do ano passado, até um milhão de toneladas estão armazenados à espera de elevação nas cotações.

– Há bastante grão estocado. Temos 10% do que recebemos – diz Genésio da Silva, gerente comercial da Cooperativa Agropecuária de Júlio de Castilhos (Cotrijuc).

Para a China, maior importador global da commodity, foram enviadas 19 milhões de toneladas de soja brasileira em 2010, quase 20% mais do que no ano anterior. As vendas gaúchas para o país asiático cresceram, mas apenas 1,7% para 3,87 milhões de toneladas.

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Fonte: Zero Hora

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