Embarque de soja do Brasil em março previsto para cair ante 2010

Publicado em 11/03/2011 10:30

Embora o Brasil esteja colhendo uma safra recorde de soja, as exportações brasileiras do grão em março deverão ficar inferiores às registradas no mesmo mês do ano passado, quando os embarques foram atipicamente elevados, segundo fontes do setor.

Em março de 2010, as exportações de soja do país ficaram acima de 3 milhões de toneladas, por conta de uma antecipação das chuvas no Centro-Oeste, que permitiram um plantio extremamente prematuro na safra passada.

Neste mês, ao contrário, os embarques sofrerão os efeitos de uma semeadura tardia na safra 2010/11 em Mato Grosso, o maior produtor nacional, além de chuvas que agora têm dificultado os trabalhos no campo e preocupado produtores.

De acordo com a agência Williams, a programação de navios nos portos brasileiros, até o momento, aponta embarques em março de cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja em grão, ou a metade do registrado no mesmo mês de 2010.

"Foi um ano difícil para os traders, porque pouca gente tomou março, porque o risco era muito grande. A safra foi muito atrasada, exceção feita ao Paraná", afirmou nesta quinta-feira o analista Fernando Muraro, da Agência Rural.

E a soja que costuma ser exportada primeiro normalmente é cultivada em Mato Grosso e Goiás, observou o analista.

"Na safra passada, foi excepcional. Começou a chover em Mato Grosso em setembro (de 2009). Em 2010, começou chover em 15 de outubro. Com esse atraso, quem tomou prêmio março, sabia do risco", acrescentou ele, lembrando que exportar em março normalmente é uma operação arriscada, mas nesta temporada foi ainda mais.

O Brasil havia colhido cerca de um quarto da sua área de soja até o final da semana passada, contra aproximadamente um terço na mesma época do ano passado, segundo dados da consultoria Céleres .

A colheita está mais atrasada em relação à temporada passada, mas está dentro da média dos últimos cinco anos, acrescentou a Céleres.

Isso, ressaltou o analista da Agência Rural, fará com que o Brasil tenha um mês de março mais dentro do normal --entre 2005 e 2009, a exportação do grão variou de 1,4 a 2,6 milhões de toneladas, de acordo com dados da indústria.

"Esse volume (menor em março) vai ser reposto de abril a julho. É um primeiro mês fraco, para depois aumentar os outros", declarou Muraro, lembrando que o Brasil deverá ter uma safra recorde.

Nos dois primeiros meses do ano, quando a colheita começa apenas isoladamente, o Brasil exportou volumes ínfimos comparados aos grandes meses de exportações: 225 mil toneladas em fevereiro e 208 mil toneladas em janeiro.

Mas com a safra recorde, de acordo com dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), o Brasil exportará 31,5 milhões de toneladas no atual ano comercial, uma marca nunca alcançada.

Com o pico da entressafra nos Estados Unidos, o início da colheita na América do Sul é extremamente aguardado pelo mercado mundial. O Brasil é o segundo produtor e exportador de soja, após os EUA.

PREOCUPAÇÃO

Alguma preocupação surgiu no mercado nesta semana com as fortes chuvas registradas especialmente em Mato Grosso do Sul. Mas segundo o analista da Agência Rural ainda é cedo para se falar em mudanças expressivas para as previsões de safra do país, pois as chuvas foram localizadas.

O Mato Grosso do Sul é o quinto produtor nacional de soja, com safra oficialmente estimada em 5,3 milhões de toneladas.

Produtores sul-mato-grossense, no entanto, têm uma visão mais pessimista sobre o efeito das chuvas.

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Fonte:
Reuters

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