Excesso de chuva provoca perda de 40% nas lavouras de soja do Triângulo Mineiro

Publicado em 18/03/2011 13:36
Além da quebra na safra, qualidade do grão ficou comprometida.
O excesso de chuva no Triângulo Mineiro provocou perda média de 40% nas lavouras da região. A chuva deitou as plantas, que apodrecem no campo. Além da perda na produção, a qualidade dos grãos ficou comprometida. Muitos produtores fizeram contratos antecipados para exportação e agora as empresas não querem receber a soja que está fora dos padrões do mercado internacional. Os contratos têm previsão de multas que podem agravar ainda mais a situação dos agricultores.

Em visita a uma propriedade no interior do município de Água Comprida, a 50 quilômetros de Uberaba, o técnico agrícola Vagner Scalon constatou os estragos na lavoura. Ele confirma que não é uma situação isolada.

– Você vê que ela apodreceu toda no campo e esta situação está geralizada no Triângulo Mineiro. Uma lavoura dessa aqui, a pessoa começa a colher e ela vai dar 70%, 80% de perda e o armazém não quer receber. A previsão é chover mais, e cada dia que passa o prejuízo aumenta – comenta.

Pegando como exemplo o município de Água Comprida, são 10 mil hectares de soja plantados. As perdas nas lavouras variam entre 30% e 70%. Na lavoura do produtor Pedro Navaes, a colheita terminou dois dias antes do início das chuvas, que resultou em uma média de 58 sacas por hectare com boa qualidade. Quando o tempo mudou, ainda restavam 130 hectares. A máquina está parada desde o dia 1º de março. Navaes chegou a colocar a colheitadeira para funcionar, mas jogou fora o que colheu. Ele está desanimado e calcula um prejuízo de R$ 300 mil.

– Aqui é mais ou menos 80% de grão ardido e avariado. Estou jogando fora. Isso aqui nem pra ração animal não serve mais – diz Navaes.

O produtor fechou contrato antecipado e está devendo pelo menos mil sacas para a exportadora e vai ser multado.

— Depende do contrato, mas aqui vai dar 50% de multa. Vou tentar comprar soja de outros produtores, pedir emprestado pra tentar cumprir os contratos — explica.

Em outra propriedade de Água Comprida, os talhões são separados. Na parte mais baixa, pela primeira vez em 10 anos, as plantas ficaram embaixo d’água. Basta uma trégua na chuva e o proprietário José Humberto Junior vai colhendo nas áreas mais altas. Ele tem mil hectares e reclama da falta de transparência na hora de entregar a produção. Ele sabe que a qualidade é baixa, mas os descontos variam de uma empresa para outra.

— Ontem mesmo a gente pegou uma carga fechada e levou na empresa. Ela classificou e deu 40% de ardido. Já perdi 30% no campo, chega aqui e perde mais 40%. Não tenho condições. Fui tentar entregar no vizinho. Na outra empresa, de 40% de ardido voltou pra 20% — explica.

Junior acelera a colheita como pode. Na logística entre as áreas plantadas, o clima acabou com o planejamento.

— Começamos a colher aqui, depois passamos para lá. Colhemos um dia, no outro dia amanheceu chovendo lá. Vamos aproveitando cada minuto de trégua da chuva — diz José Humberto Junior.

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Fonte: Canal Rural

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