Produção de açúcar do centro-sul desaba abaixo de 1 mi t na 2ª quinzena de outubro

Publicado em 12/11/2018 16:43

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SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar por usinas do centro-sul do Brasil caiu abaixo do 1 milhão de toneladas na segunda quinzena de outubro, conforme usinas da principal região produtora do país se encaminham para o final da safra 2018/19 ainda com foco total na fabricação de etanol.

Conforme dados divulgados nesta segunda-feira pela associação industrial Unica, os últimos 15 dias de outubro, o setor produziu 958 mil toneladas de açúcar no centro-sul, queda de quase 50 por cento na comparação anual. No acumulado do ciclo, iniciado em abril, a fabricação do adoçante soma 24,3 milhões de toneladas, queda anual de 26,7 por cento.

O resultado da última metade de outubro reflete um mix de apenas 30,2 por cento da oferta de cana direcionada para a produção de açúcar, versus 43 por cento um ano antes.

Desestimuladas por preços enfraquecidos na Bolsa de Nova York na maior parte deste ano e atentas à melhor remuneração do etanol no mercado doméstico, usinas deixaram o açúcar em segundo plano no atual ciclo, levando o país, inclusive, a perder o posto de maior produtor mundial para a Índia, conforme avaliação de especialistas.

"Os dados reforçam a tendência observada ao longo de todo ciclo em que as empresas indicaram a preferência pela fabricação de etanol. Caso as usinas não tivessem alterado o mix de produção, teríamos registrado até agora uma produção de açúcar 7,5 milhões de toneladas superior àquela efetivamente apurada", afirmou, em nota, o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Antonio de Padua Rodrigues.

Na quinzena, foram processados quase 25 milhões de toneladas de cana no centro-sul, recuo de 17,5 por cento ante igual intervalo do ciclo anterior.

"A queda no ritmo de processamento nas unidades produtoras decorre da oferta reduzida de cana nesse ciclo, além da maior incidência de chuvas nas principais regiões produtoras nas últimas semanas, inviabilizando a operacionalização da colheita", ressaltou Rodrigues.

Segundo a Unica, até 1º de novembro 52 usinas haviam encerrado a safra 2018/, contra 53 um ano antes. A entidade ressaltou que as precipitações em excesso nas últimas semanas estão retardando o término das atividades de campos, ao contrário do fim precoce inicialmente aventado.

Para a atual quinzena, a expectativa da associação é de que outras 79 usinas encerrem a safra.

 

ETANOL EM ALTA

A produção e a venda de etanol por usinas do centro-sul continuam fortalecidas.

Segundo a Unica, foram fabricados 1,4 bilhão de litros na segunda quinzena de outubro, queda de 11 por cento, em grande parte devido à menor disponibilidade de cana.

Entretanto, considerando-se apenas o álcool hidratado, usado diretamente nos tanques dos veículos, houve aumento de fabricação de 7 por cento, para quase 1 bilhão de litros.

Atrativo em relação à gasolina há meses, o etanol hidratado registrou vendas recordes de 1,07 bilhão de litros só na segunda metade de outubro, crescimento de 26,54 por cento em relação à mesma quinzena do ano anterior, conforme a Unica.

No total de outubro, o volume de etanol vendido pelos produtores do centro-sul atingiu 2,89 bilhões de litros, sendo 154,11 milhões destinados ao mercado externo e 2,74 bilhões vendidos domesticamente.

(Por José Roberto Gomes)

Açúcar em NY continua no rumo da queda, com dados do BR apenas dando trégua

Os 21 pontos de alta do açúcar março (12.94 c/lp) na ICE Futures (Nova York) nesta segunda (12), ou 1,64% sobre o fechamento da sexta, não tiram do rumo a pressão baixista sobre a commoditie, como vinha já semana passada. O resultado positivo do próximo contrato - repetido também moderadamente nos ativos de maio e julho -, não apresentou solidez que refletisse os dados de produção menores no Centro-Sul na segunda quinzena de outubro.

Conforme pensa Maurício Muruci, da Safras & Mercado, inclusive corroborando o que já havia dito ao Notícias Agrícolas em 6 de novembro (veja aqui), ainda há pressão demasiada sobre o açúcar pelo superávit da Índia.

Mesmo as informações sobre praga em estados indianos importantes - e que ajudaram a Nova York fixar a máxima em final de outubro a 14.24 c/lp -,  ainda seriam insuficientes para derrubar cortar muito do excedente de pouco mais de 5 milhões de toneladas da safra 18/19 (iniciada há dois meses) e dos estoques de 10 milhões de toneladas. Mesmo que as entidades locais de produtores falem de 2,5 a 3 milhões de toneladas a menos, ainda tem muito tempo pela frente para o controle sanitário mitigar o estrago.

Tanto que o último relatório do USDA minimizou esse dano potencial e prevê safra de 35 milhões toneladas no país asiático. Alguns relatórios nacionais, como da Datagro, e internacionais com expectativa de déficit global de açúcar, virando totalmente o jogo jogado desde o ínicio do ano, foram ignorados até agora.

O relatório da Unica (associação de produtores) com 958 mil toneladas de açúcar produzidos nos últimos 15 dias do mês passado (menos 50% na comparação anual e queda de 26,7% no acumulado de 2018), o atraso na moagem pelas chuvas (pouco representativo porque o mercado já trabalha com menos açúcar e a safra está acabando) e o real mais fraco frente ao dólar (da mais competitividade ao açúcar lá fora) apenas seguram pouco mais a queda - momentaneamente.

 

 
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Por:
Giovanni Lorenzon
Fonte:
Notícias Agrícolas

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