PERSPECTIVA SUCROALCOOLEIRO: Obama deve manter protecionismo para etanol

Publicado em 24/11/2008 19:30

Passada a euforia da eleição histórica
nos Estados Unidos, o mundo se volta para os primeiros passos do governo Barack
Obama, que toma posse em janeiro. Um dos maiores pleitos do Brasil é a redução
da política protecionista norte-americana em relação ao etanol produzido no
País. No entanto, é consenso no mercado que as incertezas em relação ao
desempenho da economia norte-americana tendem a dificultar ainda mais os planos
dos representantes do setor, sobretudo no que diz respeito à redução da
sobretaxa do etanol no mercado norte-americano, atualmente em cerca de US$ 0,54
por galão.
 
    Obama ainda não se pronunciou oficialmente a respeito de sua postura em
relação à política de relações exteriores de seu governo, muito menos sobre a
posição que adotará em relação aos combustíveis renováveis. "O ambiente geral é
mais propício para atitudes mais protecionistas. A economia nos Estados Unidos
está se desaquecendo e a necessidade por proteção e empregos fica mais forte",
destacou o economista e sócio-diretor da LCA consultores, Fernando Sampaio.
 
    "A retirada dos subsídios aos produtores norte-americanos não vai ser
simples", completou a analista Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria,
sobre a possibilidade de uma redução ou até mesmo suspensão da sobretaxa.
Segundo ela, o caminho é de negociação, já que tudo indica que o novo presidente
é a favor do fim dos subsídios, não só do etanol, como também do algodão e do
milho.
 
    O presidente da G7 Consultoria em Agronegócios, João Baggio, concorda que
uma redução será uma tarefa difícil. "O Brasil deverá aguardar alguns meses
após a posse de Obama e tentar negociar, mas, se isso não ocorrer, poderemos ver
o governo recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) para tentar diminuir
este valor, que praticamente inviabiliza as exportações para os Estados
Unidos", diz o especialista.
 
    Além disso, Baggio lembra que o presidente eleito irá assumir um país com
um forte déficit na balança comercial, e, como forma de reduzir o saldo
negativo, as barreiras devem aumentar para que a produção nacional
norte-americana aumente. "E isso inclui o etanol feito à base de milho, mesmo
que ele não seja nem um pouco sustentável", diz ele, que acrescenta: "Muito se
falou em mudança com a vitória [de Obama]. Mas temos que nos lembrar que estas
transformações deverão ocorrer antes dentro do próprio país".
 
     Além do foco nas estratégias para reerguer a economia de seu país da
crise, especialistas consultados pela Agência Leia destacam que o Estado de
Iowa, uma das bases eleitorais do candidato Obama, é um dos maiores produtores
de milho do país, outra grande fonte de produção de etanol e que compete com o
produto brasileiro.
 
Unica: vitória de Obama beneficia etanol brasileiro
 
    Para o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos
Sawaya Jank, Obama deverá cumprir a iniciativa citada durante a campanha de
ampliar em mais de 60% o compromisso de produção e utilização de etanol assumido
 por lei pelo governo norte-americano.
 
     Jank destacou, em comunicado divulgado pela Unica esta semana, que a
vitória do democrata pode ser muito boa para os produtores brasileiros de
etanol, já que o político levantou a hipótese de ampliar o volume de etanol
utilizado no país para 225 bilhões de litros até 2030 e investir US$ 150 bilhões
 em energia renovável durante dez anos.
 
    Apesar de Obama, que vem de um estado que é grande produtor de milho
(Illinois), defender a manutenção dos subsídios ao etanol de milho produzido nos
Estados Unidos e a tarifa imposta ao etanol importado do Brasil, o presidente
da Unica lembra que o Partido Democrata tem uma bandeira contra o aquecimento
global, que muito provavelmente levará a uma atitude proativa na liderança de
ações para enfrentar as mudanças climáticas.
 
    O analista Peter Ho, da Planner Corretora, acredita que a política
protecionista do governo Obama deverá ser de curto prazo e as barreiras
tarifárias deverão ser eliminadas, gradualmente, entre o final de 2009 e 2010.
"Isso se o cenário lá não se deteriorar de vez. Um projeto de bicombustível é
muito caro". Ho pondera que a queda do preço do petróleo reduz a necessidade
imediata de troca de fonte de combustível.
 
    Para o analista, ainda é cedo para medir a relevância da oferta de etanol
para os Estados Unidos para as empresas brasileiras. "Ainda não dá para saber
como vai ser o mercado. As últimas estimativas mostravam a necessidade de 40
bilhões de litros de etanol nos Estados Unidos, mas isso quando o petróleo
estava cotado a mais de US$ 100", lembrou.

 

Fonte: G7 agro

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Fonte:
G7 agro

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