Açúcar: Hedgepoint analisa tendências de mercado

Publicado em 17/04/2025 11:24
As tarifas de importação levaram a um mercado cauteloso, com temores de recessão e interrupções na cadeia de suprimentos impactando os principais setores, inclusive o de energia. O açúcar enfrentou perdas significativas, com a adição de fundamentos de baixa e a desvalorização do real

A semana passada começou com os efeitos colaterais da primeira rodada de tarifas, levando a um ambiente de mercado cauteloso. Os temores de recessão e interrupções na cadeia de suprimentos afetaram os principais setores, inclusive o complexo energético.

O açúcar, em particular, sofreu perdas significativas. Na estrutura macro, a semana começou a agir contra qualquer recuperação do preço do açúcar. A desvalorização do real, após um fortalecimento do dólar, que normalmente sinaliza uma oportunidade de venda para os produtores brasileiros, contribuiu ainda mais para os fundamentos já pessimistas. O adoçante enfrenta atualmente a aproximação da nova safra do Centro-Sul, aumentando a disponibilidade de curto prazo, em meio a uma demanda em ritmo lento. Consequentemente, não foi surpreendente ver o açúcar bruto fechar na terça-feira a 18,3 centavos de dólar por libra-peso.

"Na semana passada, o mercado de açúcar experimentou uma volatilidade significativa devido à escalada dos resultados do ‘Dia da Libertação’, que provocou temores de recessão e interrupções na cadeia de suprimentos. A desvalorização do real contribuiu ainda mais para os fundamentos de baixa, incluindo o aumento previsto na disponibilidade da nova safra do Centro-Sul, levando a uma queda nos preços do açúcar”, avalia Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.

unnamed
Figura 1: Índice de variação semanal de commodities (7 de abril = 100)

No entanto, o mercado se recuperou na quarta-feira, com a escalada das tarifas, já que os Estados Unidos se concentraram na China e introduziram uma pausa de 90 dias para outros países que não retaliaram, além de reduzir suas tarifas para 10%. O mercado de açúcar mostrou alguns sinais de melhora no dia seguinte, mas isso não alterou a perspectiva de baixa de curto prazo. Outras ações, o complexo energético e o dólar americano também voltaram a registrar perdas no mesmo dia, ressaltando a incerteza predominante e a necessidade de cautela. Por fim, o adoçante encerrou a semana com uma perda semanal de mais de 4%, a 18c/lb. 
 

unnamed (1)
Figura 2: BRL x Açúcar (c/lb)

Enquanto o mercado digere todas as mudanças ocorridas na semana passada e aguarda com cautela possíveis novos pontos de inflexão, é importante manter-se atento aos fundamentos do adoçante.

Vale a pena mencionar que, após a queda repentina dos preços do açúcar, a arbitragem de importação chinesa estimada para regiões não produtoras foi aberta. Surpreendentemente, no curto prazo, isso não foi suficiente para sustentar o adoçante, e não houve rumores de que a China estivesse fazendo novas compras. Um dos motivos pode ser o fato de que o país está particularmente envolvido nos recentes desenvolvimentos tarifários e pode ser o mais afetado por eles. A economia chinesa já estava sofrendo uma desaceleração devido a um setor imobiliário frágil, e a nova guerra comercial acrescenta outra camada de incerteza.

No entanto, olhando para o futuro, considerando que o ritmo de importação da China tem sido bastante lento, poderemos ver algum apoio vindo da região, potencialmente trazendo os preços de volta para 18,5 c/lb, especialmente depois que o país terminar sua temporada de moagem, que promete um nível recorde. Como esperado, a produção de açúcar está se acumulando para atingir 11 Mt até o final da safra 2024/2025, já tendo produzido 10,75 Mt até o final de março. Esse também pode ser um dos motivos que impediram a China de agir na semana passada.

unnamed (2)
Figura 3: Histórico da Arbitragem de Importação Estimada da China (USD/t)

Em outras notícias relacionadas à Ásia, os resultados finais da temporada de moagem da Tailândia começaram a ser divulgados, mostrando que 92 Mt de cana foram colhidas e 10 Mt de açúcar foram produzidas. Embora esse resultado esteja aquém das expectativas iniciais, ainda é mais saudável em comparação com o ano anterior, quando foram colhidas aproximadamente 82 Mt de cana.

Com relação a outros fundamentos, o Brasil continua somando ao lado baixista da equação. Enquanto o mercado aguarda ansiosamente o relatório Unica de fechamento de 24/25, as chuvas voltaram ao Centro-Sul, aliviando parte do pessimismo trazido por um fevereiro seco, com melhorias em índices como o VHI (índice de saúde da vegetação). Além disso, à medida que entramos na nova temporada brasileira, os contratos futuros de açúcar podem encontrar alguma resistência a possíveis recuperações, pelo menos enquanto não houver grandes manchetes de alta.

unnamed (25)
Figura 4: Centro-Sul - Precipitação Acumulada Estimada (mm)

 Além disso, a NOAA confirmou o fim do período La Niña e o início de uma fase Neutra, o que poderia afetar positivamente o desenvolvimento das safras no Hemisfério Norte. Em notícias relacionadas, as previsões para a qualidade das monções da Índia indicam que as chuvas em 2025 devem ficar 3% acima da média de longo prazo, o que pode levar a uma maior disponibilidade de cana na temporada 2025/2026.

unnamed (26)
Figura 5: Probabilidades oficiais de ENSO do CPC da NOAA (março de 2025)
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Hedgepoint Global Markets

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário