Mercado do açúcar recua em Nova Iorque nesta segunda-feira (17), mas sobe em Londres

Publicado em 17/11/2025 09:00 e atualizado em 17/11/2025 10:29
Safra brasileira do Centro-Sul em processo de encerramento

Após o rally da semana anterior, o mercado do açúcar iniciou esta segunda-feira (17) em queda, com os contratos em Nova Iorque registrando desvalorização superior a 1%. O vencimento março/26 é negociado a 14,74 cents de dólar por libra-peso (-1,47%), o maio a 14,31 cents (-1,24%) e o julho a 14,23 cents (-1,11%). Em Londres, o cenário é positivo, com o adoçante subindo mais de 2%; o contrato dezembro/25 é cotado a US$ 431,60 por tonelada (+2,20%).

Na sexta-feira, os preços do açúcar atingiram o maior patamar em três semanas, impulsionados pela redução da oferta na Índia. O Ministério da Alimentação indiano anunciou que permitirá a exportação de apenas 1,5 milhão de toneladas na safra 2025/26, abaixo da expectativa de 2 milhões de toneladas anteriormente estimadas.

No Brasil, conforme o boletim mais recente da Unica, referente à segunda quinzena de outubro, o mix de cana destinado à produção de açúcar ficou em 46,02%, levemente acima dos 45,91% registrados no mesmo período do ano passado, mas ainda bem abaixo dos picos da safra. Na segunda quinzena de agosto, o percentual chegou a 55%, quase dez pontos percentuais acima do nível atual. A retração reflete o redirecionamento da cana para a produção de etanol, favorecida pela maior rentabilidade do biocombustível no período.

Ainda segundo a Unica, os preços do açúcar em Nova Iorque próximos das mínimas de cinco anos seguem abaixo do custo de produção da maior parte do setor, fator que reforça a mudança no direcionamento industrial das usinas. A entidade também destacou o avanço do encerramento da moagem no centro-sul. Na segunda quinzena de outubro, 54 unidades finalizaram suas operações, somando 74 usinas desde o início da safra, número superior às 40 registradas no mesmo período do ano passado. De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, outras 50 unidades estavam programadas para encerrar as atividades na primeira quinzena de novembro. Com isso, mais de 120 usinas devem ter finalizado a safra no centro-sul até meados do mês.

O encerramento antecipado é consequência de uma safra marcada por adversidades climáticas desde o ano passado, com prolongada estiagem e queimadas em canaviais. A conjuntura política global também impacta o setor, com as tarifas impostas pelos Estados Unidos aumentando a insegurança nas exportações.

Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontam queda de 31,3% nas exportações brasileiras do agronegócio para os Estados Unidos, o que representa uma perda de US$ 973,1 milhões para a economia dos municípios, no acumulado entre agosto e outubro de 2024. A redução ocorre após três meses da aplicação das sobretaxas norte-americanas. Entre os setores mais impactados estão a cana-de-açúcar, produtos florestais, carne bovina e cafeicultura. As exportações de açúcar bruto para os EUA praticamente cessaram. No período, o Brasil embarcou 231 milhões de toneladas a menos, resultando em prejuízo de US$ 111,3 milhões. A carne bovina in natura intensificou as perdas em outubro, tornando-se o setor mais atingido pelas tarifas, com queda acumulada de US$ 169,6 milhões em relação ao mesmo período de 2023.

Por: Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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