AÇÚCAR SOBRE RODAS - Comentário Semanal

Publicado em 20/09/2009 16:29
Mercado de Açúcar - Comentário Semanal - de 14 a 18 de setembro de 2009. - Arnaldo Luiz Corrêa


O mercado de açúcar em NY fechou a semana com alta de 16 dólares por tonelada no outubro de 2009, alimentada por forte pressão de compra do spread out/março. A firmeza do spread ocorre em função de possível antecipação de compras por parte da Índia e da Indonésia e muita rolagem de Brasil. Comenta-se no mercado que tem havido bom volume de washout, que consiste no cancelamento de um contrato comercial entre comprador e vendedor, em geral com compensação financeira. Esses cancelamentos podem ser interpretados como a ausência de destino final por parte das tradings compradoras que preferem cancelar o contrato a ficar com o açúcar afloat (a bordo do navio, no meio do oceano, sem um comprador nomeado, aguardando a conclusão de um contrato comercial para seguir viagem até o porto de destino do possível comprador) e também por parte de usinas cuja produção de açúcar será menor do que a anteriormente assumida, não ten do condições de entregar o produto. Temos aí, um pouquinho de cada coisa.

Os preços médios de fechamento de NY para os vencimentos de tela da safra 2010/2011 caíram pouco mais de 8 dólares por tonelada na semana que se encerrou, enquanto os da safra 2011/2012 despencaram mais de 15 dólares por tonelada. O desconto de dois anos, se pegarmos o fechamento de março/2012 com o março/2010, passou de 600 pontos para 716 pontos. Ou seja, em uma semana o março de 2012 (considerado o mês mais apertado da safra 2011/2012) derreteu nada menos que 25 dólares por tonelada. A pressão da curva de preços no longo prazo se agrava e isso não é bom. Indica que o mercado começa a ficar relaxado com a equação da oferta e demanda para os próximos anos e talvez os preços tenham dificuldade de se sustentar. Com base nas máximas negociadas em cada vencimento, os preços de fechamento da 2010/2011 e 2011/2012 estão 10% e 8% abaixo dos níveis máximos, respectivamente.

Essa semana uma tradi ng negociava um vultoso lote de açúcar com um comprador no exterior, no meio de uma semana em que os telefones nem tocavam. A oferta de venda foi transmitida ao cliente e a trading aguardava ansiosamente o retorno com a conclusão do negócio. Demora daqui, demora dali, resolve ligar novamente para o possível comprador, que se desculpa dizendo que acabara de comprar a quantidade de uma outra trading cujo açúcar já estava afloat. Como disse um executivo do mercado, em tom jocoso, "o estoque de açúcar sobre rodas" está fazendo a grande diferença nos níveis de desconto no mercado físico internacional. Uma grande trading tem navios espalhados por aí aguardando uma oferta firme de compra para se antecipar às concorrentes e entregar seu produto "sobre rodas" para quem quiser comprar.

Fundamentalmente, o que falta precificar nos níveis de preço atuais do mercado? Pode ser muito cedo para afirmar ainda, mas em muito breve esse mercado deverá consolidar seus passos tão logo o ou tubro expire. Ou teremos uma retomada dos níveis mais altos em se confirmando a produção do Centro-Sul afetada pelas chuvas e o recrudescimento da situação indiana, ou presenciaremos uma débâcle aos moldes de 2006. Com o outubro saindo da frente, no entanto, os fundos tem 4 longos meses para jogarem o jogo e uma possível retomada da alta frenética, evidentemente, não deve ser descartada. Se, no entanto, você não tiver estômago para pagar para ver, uma fence é recomendada, ou seja, a compra de uma opção de venda financiada pela venda de uma opção de compra.

As volatilidades históricas de 45 e 90 dias continuam crescendo. As volatilidades implícitas das opções continuam muito altas: acima de 50% para março de 2010 (nervosismo e indefinição sobre a trajetória do mercado explode o prêmio do seguro), 46,5% para o maio de 2010 e quase 43% para o julho de 2010. Não compre opções, a menos que você financie a compra com a venda de outra.

Segundo o modelo da Archer Cons ulting, as usinas estão fixadas em 88% do volume total a ser exportado na safra 2009/2010, com preço médio ajustado de 411,83 dólares por tonelada. Houve um movimento mais expressivo nas fixações quando o mercado negociou acima de 24 centavos de dólar por libra-peso, melhorando consideravelmente a média. A estimativa é que o preço final da safra seja de 18,53 centavos de dólar por libra-peso. Para a safra 2010/2011 a estimativa da Archer Consulting é que existam pouco mais de 3 milhões de toneladas fixadas.

Myron Scholes, economista canadense que ganhou o prêmio Nobel de Economia em 1997 pelo desenvolvimento do modelo de apreçamento do preço justo de uma opção, perguntado em recente entrevista, se os modelos de risco não foram os grandes vilões do mercado de derivativos, Scholes saiu-se com essa pérola: "se você produz uma Lamborghini e dá as chaves para um motorista inexperiente e ele arrebenta o carro, a culpa não pode ser do carro". Humildade é tudo. E Scholes, que nunca foi um piloto inexperiente, quebrou o fundo LTCM após a crise asiática em 1997, que virou um case em termos de riscos potenciais nos mercados derivativos.

No Fundo Fictício da Archer Consulting, a volatilidade subiu 2,5% afetando a nossa posição vendida. Assim, fechamos a semana com um prejuízo não realizado de US$ 28,1 mil dólares. O fundo apresenta um lucro líquido total de US$ 1.236.530,60 até sexta-feira, que anualizado significa um retorno de 209,80%. Nossa posição delta é de 15 lotes vendidos e não ajustaremos a menos que esse número suba para 100.

Tenham todos uma excelente semana.

Arnaldo Luiz Corrêa
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Fonte:
Archer Consulting

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