Asfalto feito com bagaço de cana-de-açúcar será testado no Rio de Janeiro
Desenvolvida na década de 1960 na Alemanha e hoje utilizada como revestimento de rodovias e aeroportos europeus e americanos, a mistura asfáltica do tipo SMA (Stone Matrix Asphalt) ganhou nova versão no Brasil. Para substituir as fibras de celulose, que normalmente compõem a mistura, pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF), no Rio de Janeiro, criaram um asfalto que utiliza o bagaço de cana-de-açúcar.
Segundo Cláudio Leal, um dos inventores do novo asfalto e o professor do IFF, a técnica reduz o custo do material, além de aproveitar o bagaço de cana-de-açúcar antes descartado. “O bagaço é um recurso renovável e seu preparo exige apenas que ele seja seco e passado em uma peneira”, diz.
A função do componente na “receita” é impedir que o cimento asfáltico escorra durante o processo de mistura e aplicação. Por sua maior durabilidade e resistência, o asfalto SMA é recomendado para rodovias de tráfego intenso. No País, a primeira aplicação ocorreu nas pistas do autódromo de Interlagos.
De acordo com Leal, o custo do asfalto do tipo SMA é cerca de 30% superior ao comum. No entanto, o custo-benefício é maior. “As principais vantagens são a maior aderência do pneu ao pavimento e a diminuição do borrifo de água quando está chovendo”, diz.
A primeira rodovia a receber a nova tecnologia será a BR-356, que liga as cidades de Campos e São João da Barra, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. O trecho experimental terá cerca de 200 metros e começará a ser reformado nos próximos meses. Além da utilização do bagaço de cana-de-açúcar, o trecho terá outro recurso para reduzir o impacto ambiental: a reciclagem de pneus. A borracha será reutilizada no ligante asfáltico.
Reciclagem de pneus
O uso de borracha de pneus na construção de rodovias, porém, não é novidade. Desde 2001, quando foi aplicado o primeiro asfalto-borracha no Brasil, na BR -116, algumas concessionárias já aderiram ao material.
Desde 2005, um terço das pistas do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga o litoral paulista à cidade de São Paulo, ganhou borracha de pneus na composição. Neste ano, o material deve ser utilizado também no trecho de planalto da rodovia Anchieta. Segundo o engenheiro Paulo Rosa, assessor de projetos especiais da Ecovias, o asfalto deste tipo é mais seguro. “Por ser rugoso, ele diminui as possibilidades de derrapagens”.
Além do professor Cláudio Leal, participaram do projeto “Bagaço de cana-de-açúcar como aditivo em misturas asfálticas do tipo SMA” a professora Regina Paes de Aquino e o engenheiro Protásio Ferreira e Castro, da UFF. A pesquisa contou ainda com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
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