Estudo apoia o uso de etanol na Europa

Publicado em 26/03/2010 09:04

A União Europeia divulgou na quinta-feira os resultados de um estudo científico que apoia o uso de etanol na Europa, aponta a produção no Brasil como a mais eficiente do ponto de vista ambiental e sugere medidas de liberalização para permitir uma importação "considerável" do combustível brasileiro.

O estudo "Comércio mundial e impacto ambiental do mandato da UE sobre biocombustíveis" foi encomendado pelo bloco e preparado pelo International Food Policy Research Institute (IFPR). O objetivo é atender às demandas do Parlamento europeu sobre os efeitos de uma mudança do uso indireto da terra na produção de biocombustíveis. O documento foi divulgado justamente pela área de comércio da UE, o que sinaliza que pelo menos parte da Comissão Europeia aprova a ideia.

O estudo apresenta diagnósticos positivos sobre os efeitos da redução de emissões com o uso do biocombustível de primeira geração, e sugere liberalização para o produto. Mostra que a mudança do uso indireto da terra de fato diminui os benefícios do corte de emissões, mas que isso não é uma ameaça à viabilidade ambiental da política da UE de elevar para 5,6% o uso de biocombustível no transporte até 2020, necessário para a meta de uso de 10% de energia renovável neste período.

"As conclusões sobre o impacto ambiental do etanol brasileiro são muito positivas", disse o embaixador do Brasil na UE, Ricardo Neiva Tavares. O documento dá ao etanol de cana um selo de eficiência ecológica semelhante ao da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, sigla em inglês).

A importância do estudo aumenta tendo em vista que nos últimos três anos cresceu a desconfiança europeia sobre os impactos dos biocombustíveis na produção de alimentos, cuja alta de preços globais gerou grave crise entre 2007 e 2008. Estudos também apontaram impactos negativos do etanol sobre o uso indireto da terra, com suposta elevação do desmatamento sendo apontada como necessária para a expansão da produção, o que é negado por governo e empresas no Brasil.

Mas o novo estudo, considerado o mais sério dos quatro encomendados - e, portanto, com maior influência -, faz comparações e aponta o etanol brasileiro como o mais eficiente, capaz de reduzir em 71% as emissões de gases de efeito-estufa em relação aos combustíveis fósseis.

O cenário central para que a meta de utilização de 5,6% de biocombustíveis no transporte terrestre em 2020 na UE seja alcançada aponta um aumento do consumo de etanol e biodiesel de 17,8 milhões de toneladas nos 27 países-membros. No caso do biodiesel, a maior parte da produção virá da própria UE. Mas o grosso do etanol deverá ser brasileiro. Isso implica considerável incremento das importações, apesar das tarifas aplicadas por Bruxelas.

Se as tarifas forem abolidas, a expansão da produção para atender às metas da UE deverá demandar no Brasil entre 4,8 mil e 6,8 mil quilômetros quadrados a mais de terra, o que representa, no máximo, 0,77% das terras disponíveis no país.

O estudo calcula que das terras a serem utilizadas no Brasil para o avanço de etanol e biodiesel de soja visando atender à demanda europeia, 58% serão no Cerrado, 14% de pastagens, 15% de florestas primárias (Amazônia) e 12% de outras terras. Mas nota que o cenário é baseado no desmatamento passado, sem considerar a redução recente.

Há efeitos da mudança no uso indireto da terra por causa do mandato europeu, mas são minimizados. O uso indireto resultaria em emissões adicionais de 5,3 milhões de toneladas de CO2. Mas a poupança de emissões com o uso de bicombustíveis é maior, de 18 milhões de toneladas. Ou seja, os bicombustíveis reduzem a emissão de quase 13 milhões de toneladas de carbono em 20 anos.

A UE alcançará esse resultado, diz o estudo, em razão da produção e do consumo que privilegiará o biocombustível mais eficiente - a partir da cana e do Brasil. O documento alerta para "consideráveis incertezas" sobre impacto de critérios de sustentabilidade nos biocombustíveis. O papel da certificação e a emergência na diferenciação de biocombustíveis, culturas para a produção e preços da terra, baseados em conteúdo de carbono e respeito de sustentabilidade, ainda precisam de mais estudos.

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Fonte:
Valor Econômico

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