Mercado de açúcar -- SEM SEMELHANÇA COM O PASSADO

Publicado em 04/04/2010 20:34


O mercado de açúcar em NY fechou a semana, encurtada pelo feriado de Páscoa, mergulhando até as profundezas do reino de Hades, atingindo uma queda desproporcional e irracional em 15,46 centavos de dólar por libra-peso no vencimento para maio/2010. Acabou encerrando a semana em 16,70. No cômputo semanal, o mercado fechou com ligeira queda no primeiro mês de vencimento, com pouco menos de 5 dólares por tonelada e apreciações tímidas para os vencimentos seguintes ao redor de 3 dólares por tonelada.

Queda com tamanha magnitude só pode ser alimentada por tanto tempo se algum ou alguns grandes participantes tenham sido surpreendidos no contrapé do mercado com um volume extraordinariamente pesado, sejam eles os fundos ou as tradings, ou uma combinação dos dois. Só pode ter sido isso o que aconteceu. A última vez que o açúcar derreteu 43% em apenas 42 pregões foi em agosto de 1963. E a última vez que ele caiu mais de 1300 pontos (mais de 280 dólares por tonelada!!!) no mesmo período foi em março de 1975. Portanto, estamos numa situação completamente atípica que não encontra semelhança com o passado recente. Tirando os anos de 1975 e 1981 que foram igualmente atípicos, a última grande queda ocorreu em setembro de 2006 com o mercado caindo pouco menos de 500 pontos em 42 pregões. A história atual parece ser sem precedente.

Situações atípicas exigem decisões/soluções atípicas. O açúcar mais barato do mundo está agora em NY. O custo de produção das usinas do Centro-Sul, em média, é bem maior do que os valores de fechamento de NY. Muito embora preço abaixo do custo de produção não quer dizer que o mercado precisa subir, o fato é que preços que não remuneram mudam a perspectiva de produção mundial futura e reduzem a oferta esperada do produto, elevando a curva de preços a níveis mínimos de remuneração. É assim que as commodities funcionam. No popular: difícil achar que essa situação se mantém. Para qual direção os preços vão variar nos próximos 200 pontos? Para cima ou para baixo?

Com o risco de soar como disco quebrado, o fato é que não se vê consistência no que está ocorrendo agora. Não faz sentido e as peças não encaixam. Parece ser uma situação atípica que merece todo cuidado no lidar. A volatilidade histórica de 20 dias explodiu para 56% anualizada, o que demonstra o nervosismo e percepção do risco que o mercado tem nesse momento. A volatilidade de 45 dias bate os 55%. Ou seja, comprar opções agora nem por brincadeira (só se for combinada com a venda de opções).

A previsão da Archer Consulting para a safra 2010/2011 do Centro-Sul, baseada em modelo matemático, indica uma moagem simulada (estudo de 10.000 situações aleatórias) de 584,9 milhões de toneladas, sendo 33,58 milhões de toneladas de açúcar e 26,5 bilhões de litros de etanol. A necessidade, segundo o mesmo modelo, é de uma moagem de 620 milhões de toneladas. Ou seja, teremos uma vez mais em 2010/2011, uma situação de extremo equilíbrio entre a oferta e demanda o que pode alterar a curva de preços substancialmente se qualquer problema ocorrer (chuva, menor ATR, demanda externa, etc).

No Fundo Fictício da Archer Consulting, mais uma semana de perdas em função de uma volatilidade crescente que machuca as opções que temos vendidas. Encerramos a semana com uma posição comprada em 513 lotes equivalentes no julho de 2010, fechando com prejuízo de US$ 863.571,60, baixando o ganho acumulado para US$ 2.623.805,16, com retorno anualizado de 181,10%. Vamos manter a posição.

Boa Páscoa para todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Archer Consulting

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1 comentário

  • David Navarro Apucarana - PR

    Arnaldo, com este equilíbio de oferta e demanda, para o decorrer do ano como você diz no texto acima, não haverá desequilíbrio para o mercado com a sinalização de demanda internacional ( CEE ) para ETANOL????

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