Datagro vê mais cana para etanol diante de atual preço do açúcar

Publicado em 09/04/2010 08:42
"O Brasil pode surpreender aqueles que apostam em um colapso do mercado de açúcar", afirmou Nastari.
Desde que atingiu o maior patamar em 29 anos a 30,40 centavos de dólar por libra-peso em 1o de fevereiro, o mercado de açúcar perdeu quase a metade de seu valor.

"Dependendo dos preços relativos, deve ocorrer um direcionamento de mais ATR (açúcares totais recuperáveis) para o etanol, mais do que estamos prevendo", afirmou Nastari, lembrando que quando as suas primeiras previsões para a nova temporada 2010/11 foram feitas, os preços do açúcar no mercado internacional ainda não tinham caído tanto.

Em 10 de março, a Datagro estimou que as usinas do centro-sul do Brasil, que responde por 90 por cento da produção nacional, elevariam a quantidade de cana usada na produção para o etanol 57,1 por cento em 2009/10 para 58 por cento na nova safra.

"O Brasil pode surpreender aqueles que apostam em um colapso do mercado de açúcar", ressaltou ele, indicando que o maior produtor e exportador mundial da commodity tem a opção de produzir mais o biocombustível em um cenário de preços deprimidos para o açúcar.

De acordo com Nastari, "o forte aumento do consumo de etanol dará sustentação aos preços (do açúcar), o grande fundamento do mercado passa a ser o Brasil", disse ele em um evento promovido pela Cosan para funcionários e clientes.

Ele disse ainda que é difícil fazer previsões sobre os preços do etanol para o mercado interno neste ano, mas destacou a tendência de que os preços sejam "mais sustentados".

De acordo com Nastari, o consumo no Brasil que já atingiu 50 milhões de litros por dia, caindo para 20 milhões nos momentos mais críticos da entressafra está se recuperando. Diante do crescimento da frota flex, o consumo deverá crescer para 60 milhões de litros ao dia durante o pico da nova safra, o que deixará os preços firmes em um momento em que tradicionalmente as cotações tendem a cair com uma maior oferta.

Nastari observou que a sua previsão de uma moagem de 590 milhões de toneladas no centro-sul do Brasil, feita em março, já levava em consideração um início de temporada mais chuvoso como o que se vê atualmente.

Esse volume representa um aumento de quase 60 milhões de toneladas em relação às 532,5 milhões de toneladas no processamento da região na safra 09/10.

Ele destacou ainda que está se encerrando um período de forte influência do fenômeno climático El Niño e que em meados do ano deverão prevalecer padrões do La Niña, de um clima mais seco, que vai colaborar para um bom andamento da moagem no centro-sul.
Fonte: Gazeta do Povo

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