Cinza de cana pode virar blindagem de avião

Publicado em 31/05/2010 07:18
Duas pesquisas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) pretendem dar um fim nobre às cinzas do bagaço de cana, o "resto do resto" entre os materiais produzidos às toneladas nos canaviais. A cinza pode ser usada como brita e até aplicada na blindagem de avião.

No laboratório do departamento de engenharia civil, as cinzas acumuladas após a queima do bagaço -usado para geração de energia- foram transformadas em areia para produzir concreto.

O estudo começou há três anos, segundo o professor Almir Sales, responsável pela pesquisa junto com a doutoranda Sofia Araújo Lima.

"Quando fiquei sabendo da quantidade de cinzas, pensei se aquilo não poderia substituir algum material natural", disse Sales.

Autor de outros projetos na área de construção civil, como a brita elaborada a partir de algas, ele diz ter visto nos obstáculos ambientais e logísticos para obtenção de areia uma oportunidade para a cinza da cana.

De acordo com a pesquisa, a cinza pode substituir de 30% a 60% da areia contida no concreto comum.

Como é produzida em grande quantidade na região, Sales afirma que o objetivo é fazer com que as prefeituras utilizem a matéria-prima que atualmente é misturada a adubos para ser lançada nos canaviais ou depositada em aterros.

Para isso, no entanto, elas terão de esperar pelos testes do concreto feito a partir do resto do bagaço da cana, que devem durar mais um ano.

Resultados preliminares comparando o novo produto ao tradicional apontam que o concreto feito a partir das cinzas é tão ou mais resistente que o produzido com areia, de acordo com Sales.

No departamento de engenharia de materiais, o destino dado aos resíduos da palha é mais sofisticado.

Protegido por patente, um estudo do departamento conseguiu transformar a cinza em carbonato de silício.

O material tem aplicações em produtos abrasivos, microeletrônica e até na indústria aeronáutica, onde poder ser aplicado para a blindagem das aeronaves.

Fonte: Folha de São Paulo

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