Açúcar: com preço baixo, importadores do Oriente Médio se animam

Publicado em 10/06/2010 07:53
Com os atuais 15,09 centavos de dólar por libra-peso da Bolsa de Nova York (com entrega em outubro), o Oriente Médio dá sinais de que poderá importar mais açúcar nos próximos meses. O contrato de julho ficou estabelecido em 25 centavos de dólar por libra-peso.

"De uns tempos para cá, os preços físicos do açúcar caíram. Isso atrai compradores, como é o caso do Oriente Médio", afirmou Miguel Biegai Júnior, analista da Safras & Mercado. Segundo Biegai, entre 13 e 16 centavos, o preço fica dentro da normalidade, mas, se os valores saírem desses índices, "aí será uma mudança significativa dentro do cenário internacional".

Além do Oriente Médio, há uma outra necessidade: a de países recomporem seus estoques. "O Brasil está em plena safra, embora ainda não há ofertas boas o suficiente, em função de vendas já acertadas", disse Narciso Bertoldi, diretor comercial do Grupo USJ. Bertoldi explicou que os níveis atuais são desconfortáveis para o produtor mundial. "O País é o atual supridor cenário mundial. Mas ainda é cedo para falar, pois os preços não estão estruturados", completou.

A procura do Oriente Médio por açúcar é alta devido às refinarias da região. "São as maiores do mundo, como a de Dubai e da Síria [nova empresa]. Essas refinarias são grandes consumidoras de açúcar e devem continuar com o interesse pelo produto brasileiro", disse Paulo Costa, especialista em agronegócios e bioenergia, e associado do escritório Buranello Passos Advogados. De acordo com o especialista, o preço atual é uma correção do mercado por questões de fundamentos, já que há muita oferta, mas a procura segue normal.

Para Antonio de Padua de Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), os preços do açúcar refletem a crise financeira europeia. "Os preços estão abaixo do custo de produção aqui no Brasil, o que faz um preço não sustentável", disse. O patamar ideal a curto prazo, entre abril de 2010 e março de 2011, seria de 18 centavos de dólar por libra-peso. A tendência é que melhore ainda este ano, falou o executivo. No ano passado, em abril, as exportações brasileiras no período ficaram entre 20 e 24 centavos de dólar.

Países como Rússia (a que mais importa), Índia e países do Oriente Médio são os que mais importam açúcar brasileiro.

Conforme afirmou Biegai, o centro-sul brasileiro, principal responsável pelas exportações, embarcou 22,2 milhões de toneladas de açúcar no ano passado. Em 2010, o cenário poderá ser superior - estimativa de exportação em 27 milhões de toneladas. "Os preços do último ano estavam bons, fato que reflete no volume e preço da commodity", diz.

Maiores exportadoras

Os preços mais remuneradores do açúcar no mercado internacional e a maior estabilidade cambial garantiram um aumento de receita das grandes empresas exportadoras do setor sucroalcooleiro no período de janeiro a abril de 2010 em relação a igual período do ano anterior. Na lista das 40 maiores exportadoras brasileiras preparada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a Copersucar galgou 13 posições entre 2009 e 2010, passando do 30º para o 17º lugar na lista das top 40. Já a Cosan, que não fazia parte da lista em 2009, entrou na 23ª posição. As duas empresas são as únicas que apenas exportam produtos do setor sucroalcooleiro que fazem parte da lista da Secex.

No período analisado, os preços médios do açúcar exportado pelo Brasil subiram 55%, passando de US$ 304,84 por tonelada nos primeiros quatro meses de 2009 para US$ 472,33 no mesmo período de 2010, o que impulsionou o resultado destas empresas. Já o volume total do Brasil exportado no período registrou queda marginal. Entre janeiro e abril de 2010, a receita com exportações da Copersucar bateu US$ 413,6 milhões, aumento de 97,72% ante os US$ 209,2 milhões verificados em igual período do ano anterior. A receita da Cosan no período foi de US$ 388,8 milhões, alta de 123,84% ante os US$ 173,71 milhões registrados no ano anterior. Os resultados de exportação também incluem as vendas de externa de etanol, mas os números divulgados não especificam a receita originada das vendas de açúcar das vendas de etanol.

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Fonte:
DCI

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