Trigo e açúcar disparam nas bolsas em julho

Publicado em 30/07/2010 07:33
Mercado: Seca na Europa derruba produção do cereal; atraso em embarques nos portos do Brasil afeta preços
Clima, dólar e incertezas em relação ao suprimento foram os principais fundamentos a nortear o mercado de commodities agrícolas em julho. Quase de forma generalizada, os preços das commodities negociadas nas bolsas de Chicago e Nova York subiram, à exceção do algodão.

Considerando os preços médios mensais, os destaques de alta em julho foram trigo e açúcar. Conforme os cálculos do Valor Data, o trigo subiu 25,27% no mês, levando em conta a segunda posição em Chicago. O açúcar se valorizou 13,64% na mesma comparação em Nova York.

A alta do trigo pode ser explicada principalmente pelo clima adverso nas regiões produtoras da Europa e Leste Europeu, que sofrem com a longa seca, sobretudo Rússia e Ucrânia, mesma situação do Canadá. Na Rússia, a previsão é de uma quebra de 24% na safra de trigo, que deve cair para 47 milhões de toneladas. O resultado deve ser um recuo de 10 milhões nas exportações de todos os grãos do país, segundo o governo russo. "A maior parte desse volume deve ser de trigo e o mercado já precificou esse rumor", diz Glauco Monte, consultor de gerenciamento de risco da FCSTone.

"Esse momento da safra traz muita especulação para as commodities de uma forma geral. Certamente, o fator clima continuará direcionando o mercado nos próximos meses", acrescenta.

A alta do trigo puxou também os preços da soja e do milho, principalmente a partir da segunda quinzena. "Com menos no trigo na Europa, há uma substituição de trigo por milho na ração", afirma Renato Sayeg, da Tetras. Além disso, trigo, milho e soja estão "linkados" em muitos fundos de investimentos, então sobem juntos. A segunda posição da soja subiu 5,06% em julho e a do milho, 8,17%.

Para Sayeg, no entanto, a principal razão para a alta da soja é a desvalorização do dólar ante uma cesta de moedas em julho. Esse cenário estimula o investimento em commodities de uma maneira geral, que ficam mais atrativas na exportação. Afora o dólar a demanda chinesa também influenciou, segundo Sayeg. Ele afirma que a estimativa do governo da China é que o país vá importar 5,6 milhões de toneladas do grão em julho.

Numa análise sobre as commodities agrícolas negociadas em Nova York, Rodrigo Costa, da corretora Newedge, diz que aumentou o apetite pelo risco."O semestre começou com mais fichas sendo colocadas na mesa. Aquela tensão que existia deu espaço a um apetite maior ao risco. Sentimos que houve uma entrada maior de dinheiro no mercado e acabou puxando as bolsas americanas, que trouxeram junto com elas as commodities agrícolas", afirma.

A principal razão para a alta do açúcar foram as incertezas em relação ao suprimento. Como o Brasil é o único com disponibilidade do produto hoje, filas de navios de importadores se formaram nos portos brasileiros à espera de embarque de açúcar.

O café também subiu de forma expressiva em Nova York em julho. O preço médio da segunda posição valorizou-se 8,18% em relação à média de junho.

Segundo Rodrigo Costa, o diferencial de preços entre os cafés provenientes da América Central e Colômbia ainda estão bastante elevados em relação aos preços médios da bolsa de Nova York, o que garante firmeza ao mercado. Outra razão é que em julho a pressão vendedora por parte do Brasil, que colhe neste momento uma de suas maiores safras, não foi tão grande quanto o esperado pela maioria dos analistas. "O enfraquecimento do dólar abriu o espaço para que as indústrias torradoras da Europa fixassem seus preços de compra", diz Costa.

Para o analista, apesar dos ganhos expressivos de julho, ainda existem incertezas sobre o potencial do mercado de manter essa tendência ao longo do restante do semestre. Com a preocupação dos governos com seus déficits e sinais de que a economia mundial crescerá em um ritmo ainda lento, o mercado não sabe até quando essa tendência de alta se manterá.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Valor Econômico

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário