Usinas sem apetite para retomar investimentos

Publicado em 27/08/2010 07:44
A menor disponibilidade de cana - também resultante dos esparsos investimentos em tratos culturais e em expansão agrícola nos últimos dois anos - não é o único problema do setor sucroalcooleiro no Centro-Sul. A nova onda de investimentos aguardada para 2011 não deve ocorrer, pelo menos por enquanto, disse o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank. "Não vejo nas empresas apetite para lançar novos projetos em 2011, até pelo elevado custo desses empreendimentos".

Após 25 usinas novas terem entrado em operação em 2007/08, outras 30 em 2008/09, e mais 19 unidades em 2009/10, o ritmo de investimentos despencou com a crise global. Nesta temporada, a previsão era de que dez unidades novas - resultado de investimentos iniciados antes da crise de 2008 - começassem a operar. Dessas, cinco entraram em operação e outras quatro serão inauguradas até o fim deste ano, prevê a Unica. A décima deve entrar em atividade em 2011, juntamente com três ou quatro unidades que podem ser concluídas em 2011.

"As companhias sofreram muito com a crise e se não houver políticas públicas de apoio ao setor, essa onda de investimentos não virá no ritmo de crescimento da demanda", disse Jank.

Além da redução da alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o etanol nos Estados em que o tributo supera os 12%, Jank defendeu mais rapidez na liberação de recursos para estocagem e maior participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na consolidação do setor. "Há potencial de consolidações regionais entre usinas menores que têm elevadas sinergias. Assim como investe em empresas de outros setores, como as de carnes, o BNDES poderia também ser mais atuante no setor sucroenergético", disse.

Ele argumentou que é preciso políticas públicas para esse segmento, sob pena de o país ter dificuldades mais à frente de atender à demanda crescente por etanol. "Todos os indicadores mostram que a demanda é crescente. A oferta precisa acompanhá-la", afirmou o dirigente.

Fonte: Valor Econômico

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