Safra de cana-de-açúcar terá incremento de 5%

Publicado em 23/09/2010 15:21
Produtores de álcool e açúcar de 14 Estados, responsáveis por 98% da produção nacional, reuniram-se na quarta-feira (22) em Maringá, no Fórum Nacional Sucro-energético, realizado todos os meses. O presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin, apresentou a perspectiva de colheita de cana-de-açúcar para a safra, que termina em outubro.

"O Centro-sul produzirá cerca de 570 milhões de toneladas, incremento de 5% em relação ao ano anterior", anunciou. No Paraná, são esperadas 50 milhões de toneladas, produção 9,89% superior aos 45,5 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
 
O presidente da Alcopar antecipa que a tendência internacional ainda favorece a produção do açúcar, mais do que a do etanol, e que as unidades produtoras deverão manter essa tendência. "O mercado externo de açúcar está aquecido, enquanto o etanol é voltado para o mercado interno, onde não existe risco de desabastecimento", analisa.

"Além disso, o preço do açúcar reagiu: de 12 centavos de dólar por libra peso, há 18 meses, para vinte centavos de dólar, que é o preço atual", ressalta Tranin.

Enquanto o comércio internacional de açúcar continua aquecido, por causa do desabastecimento na Índia e na Austrália, o etanol continua a enfrentar barreiras para ser exportado. A primeira é a falta de mercado: além dos Estados Unidos, Brasil e alguns países da Europa, são poucos os lugares onde os carros são movidos por qualquer combinação de gasolina e etanol.

Outra é o preço: enquanto o petróleo for atraente, não há estímulo para que se substitua gasolina por etanol. "Acreditamos que acima dos US$ 70 por barril de petróleo, o etanol já começa a ser mais viável", comenta Tranin.

O preço do barril de petróleo se manterá em média entre US$ 70 e US$ 80 até, pelo menos, meados de 2011, segundo um estudo divulgado ontem em Londres pelo Centro de Estudos Globais para a Energia (CGES, na sigla em inglês).

O Centro-sul é a maior região produtora de álcool e açúcar do Brasil, seguido pela Região Nordeste, que tem um calendário próprio para a safra. Só em São Paulo, são 300 plantas industriais. No Paraná, existem trinta unidades produtivas.

Mecanização

Uma das preocupações dos produtores é o fim das queimadas e a substituição do trabalho manual pelo mecanizado, nas plantações de cana-de-açúcar. Em São Paulo, Estado mais avançado no processo, os produtores assinaram um termo de compromisso com o governo estadual para eliminar 80% das queimadas até 2014 e 100% até 2017, por meio da eliminação do trabalho manual.

"Atualmente, as lavouras estão entre 65% e 70% mecanizadas em São Paulo", dimensiona o presidente executivo da União dos Produtores de Bionergia (Udop), Antônio Carlos Salibe, que representa cerca de cem usinas do oeste paulista.

Ele afirma que a mecanização se tornou mais viável com as inovações tecnológicas. "O custo inicial de uma máquina colheitadeira, entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão, é alto. No entanto, o custo da colheita mecanizada é inferior ao da manual", compara.

Ele acredita que alguns problemas que eram resolvidos com a queima, como a eliminação de pragas na palha restante após a colheita, terão que ser resolvidos de outra maneira, seja por manejo ou por alternativa em Agronomia.
Fonte: O Diário

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