Açúcar dispara no Brasil com rali dos preços internacionais

Publicado em 04/11/2010 15:05 e atualizado em 04/11/2010 17:13
Os preços do açúcar no mercado físico no Brasil subiram para níveis recordes depois da disparada dos futuros no mercado internacional para a máxima de 30 anos, afirmaram analistas nesta quinta-feira, acrescentando que a tendência de alta deve persistir.

Os futuros do açúcar bruto na ICE, em Nova York, atingiram máximas de 30 anos e os refinado na Bolsa de Valores de Londres subiram para os maiores níveis já registrados nesta quinta-feira, depois que o Federal Reserve (FED, banco central americano) anunciou a recompra de US$ 600 bilhões em títulos do governo na tentativa de reforçar o crescimento na lenta economia americana.

No Brasil, a proximidade da entressafra na principal região produtora Centro-Sul, sustentado pela demanda local, uma possível queda na produção de açúcar no próximo ano e a valorização da moeda combinados direcionaram os preços para cima.

A saca de 50 kg do açúcar cristal foi cotada no recorde de R$ 74,60 na quarta-feira, um aumento de 85% desde o início de julho, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).

"De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Industrias de Alimentos (Abia), o pico na produção de alimentos deve ocorrer entre outubro e novembro, consolidando o cenário de aumento da demanda por açúcar", disse o Cepea em relatório, indicando que a compra no mercado à vista deve se intensificar.

Negociantes disseram que usinas poderão cancelar contratos de exportação para mais de 1 milhão de t de açúcar, com o objetivo de vender o produto localmente a preços mais elevados ou porque, simplesmente, a produção foi menor que o previsto inicialmente.

"Uma boa parte disso é de pessoas que cancelaram vendas porque o açúcar nunca chegou a ser produzido", disse o diretor da consultoria Archer, Arnaldo Correa.

O receio quanto à produção abaixo do esperado no Brasil, maior produtor e exportador global de açúcar, tem sustentado os preços futuros.

Devido à seca neste ano, o processamento no Centro-Sul será concluído mais cedo que nos dois últimos anos. Cerca de 30 usinas das mais de 400 da região já encerraram atividades para esta temporada.

Chuvas abaixo da média entre abril e agosto também devem afetar a próxima safra, possivelmente resultando na primeira queda de produção em 11 anos.

A preocupação com a oferta também ajudou a impulsionar os prêmios de exportação.

Para embarques em novembro, os prêmios estão cotados entre 120-130 pontos sobre o vencimento março do açúcar bruto na ICE. Para dezembro, eles estão entre 100-120 pontos sobre o março, de acordo com negociantes locais.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Após recorde de moagem em 23/24, Coplacana projeta cenário favorável também para 24/25
Rússia proíbe exportação de açúcar até 31 de agosto, dizem agências
UE vê alta de 2% na produção de beterraba em 24/25 e maior oferta de açúcar
Unica e Orplana reafirmaram o compromisso para revisão do CONSECANA-SP
Ucrânia procura compradores de açúcar, já que cota da UE está quase esgotada