Brasil deve ditar ritmo de alta dos preços do açúcar em 2011

Publicado em 22/11/2010 07:04
Em 2011, o Brasil, que é o maior produtor de açúcar mundial, deve ser um dos responsáveis para o aumento dos preços da commodity. Apesar dos altos valores obtidos este ano, chegando até 33 centavos de dólar por libra-peso em alguns momentos, o mercado ainda aposta em um cenário positivo no ano que vem. Os preços devem variar entre 26 centavos de dólar e 28 centavos de dólar, um excelente resultado, de acordo com especialistas.

"Para o ano que vem não tenho dúvida de que o cenário é de alta. Não vejo razão para o açúcar cair aos patamares históricos e chegar a 14 centavos de dólar libra-peso. Isso é muito improvável. Não arrisco dizer que podemos chegar a 35 centavos de dólar, mas também não duvido", afirmou Bruno Bosz, analista da AgraFNP.

Para o analista, o principal fator de indicação de alta de preços em 2011 pode ser o Brasil. Isso porque a última safra sofreu bastante com as fortes secas, antecipando o fim da colheita. "Um grande fator para a alta de preços é o Brasil. Tivemos uma safra que sofreu com a seca, a produção de açúcar acabou ficando menor que o esperado. Essa última safra cresceu em relação a de 2009, mas poderia ser ainda maior. Além disso, mais de 100 usinas já pararam de moer, justamente no momento, que diversos países da Ásia estão precisando de açúcar", disse Bosz, acrescentando: "O Brasil, que é o principal fornecedor, com mais de 30% de todo o açúcar comercializado no mundo, está encerrando sua safra previamente. Isso é um fator de alta muito grande".

Bosz ainda afirmou que apesar dos bons resultados obtidos nas safras brasileiras, em 2011, tanto por conta de climas desfavoráveis, quanto pelo baixo volume de renovação dos canaviais, a produção possa ficar menor. "Já se fala no mundo que o Brasil terá em 2011 uma produção igual a esta safra, mas provavelmente ela pode decair. A renovação dos canaviais do Brasil tem sido pequeno nos últimos anos e isso gera uma expectativa negativa para o principal exportador mundial para o ano que vem, já que podemos exportar menos que esse ano. E isso é um fator altista".

A Índia, no entanto, é a outra peça do quebra-cabeça que pode ajudar a manter o preço mais estável, dada a expectativa que o país tenha um excedente na produção este ano. Estima-se que essa sobra chegue a 3 milhões de toneladas. "Um fator que poderia frear um pouco a alta do açúcar seria a expectativa de quanto a Índia vai exportar nessa safra", disse o analista da AgraFNP.

Segundo ele, a Índia está se recuperando e deve produzir 25 milhões de toneladas. "A entressafra lá correu bem. Com isso, a expectativa é a de que o país deve voltar a exportar. Acredito que os indianos exportem entre 2 e 3 milhões de toneladas de açúcar, mas temos de esperar. Nos próximos dias, o país anunciará o resultado", afirmou Bosz.

Em relação à produção brasileira de açúcar, Arnaldo Luiz Correa, diretor da Archer Consulting, acredita que é preciso ficar atento a detalhes, para não tomar sustos. "Temos uma questão importante a pensar pela demanda potencial que o Brasil tem de etanol no mercado interno e no mercado internacional de açúcar. Nós precisamos moer mais de 50 milhões de toneladas de cana em 2011 e ninguém acredita que esse montante será alcançado, o que nos leva a pensar sobre o ano que vem", diz.

Para ele, não é improvável que a cotação da commodity chegue a 28 centavos de dólar libra-peso ou até novas altas em 2011. "Não acredito que isso seja impossível não. Qualquer previsão de preço é temerária. Eu acho que 25 centavos é um excelente preço, não tenho dúvida disso. Se conseguirmos manter esse valor como média no safrão para 2011 seria fantástico", afirmou Correa.

De acordo com Safras & Mercado, os contratos para março de 2011 encerraram a 28,15 centavos de dólar por libra-peso, alta de 6,72%. Maio de 2011 ficou cotado a 25,75 centavos, alta de 7,69%.

Em 2011, o Brasil deve ser a chave para o aumento dos preços do açúcar. O mercado aposta em um cenário positivo no ano que vem: as cotações devem variar de 26 centavos de dólar a 28 centavos de dólar.

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Fonte:
DCI

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