Etanol ganhará destaque em conferências sobre o clima

Publicado em 01/12/2010 06:37
Por Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.
O etanol continua ganhando peso na matriz energética mundial.

Até o dia 10 de dezembro, a experiência brasileira na utilização do combustível será apresentada na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-16) e no World Climate Summit (WCSC).

Não há dúvidas sobre a vanguarda brasileira no tema. Segundo Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), as emissões brasileiras de gases causadores de efeito estufa medidas em 2006 teriam sido 10% maiores não fosse a contribuição do setor sucroenergético.

Aliás, segundo ele, ao longo dos 35 anos em que o biocombustível tem sido utilizado em larga escala no Brasil, evitou-se a emissão de mais de 600 milhões de toneladas de CO2 e foram gerados ganhos de US$ 240 bilhões em divisas que não foram utilizadas para comprar petróleo.

Nas conferências, os representantes brasileiros do setor procurarão mostrar as diversas aplicações do combustível, tanto as já em uso no país -veículos leves e frotas de ônibus- como em fase de testes -aviões, motogeradores, máquinas e implementos agrícolas.

Além do papel crescente do etanol na matriz energética, também se destacará o seu uso em substituição ao petróleo na produção de resinas e plásticos "verdes", que propiciam reduções significativas nas emissões de gases do efeito estufa.

Também serão apresentadas pesquisas sobre a geração de eletricidade a partir do bagaço e da palha da cana.

A matéria-prima brasileira apresenta-se como uma oportunidade interessante, ainda mais com a recente perda de interesse dos Estados Unidos por seu programa de etanol celulósico.

Como a demanda por combustíveis renováveis deve aumentar nos próximos anos, o Brasil poderá se tornar um exportador relevante.

Para isso, contudo, é preciso investir em infraestrutura e logística para o setor.

Nesse sentido, já houve, no início de novembro, a assinatura de um termo de compromisso entre seis companhias (Petrobras, Camargo Corrêa, Copersucar, Cosan, OTP e Uniduto) para estabelecer uma empresa para construir e operar um sistema logístico para transporte e armazenagem de líquidos, com ênfase em etanol.

Mais iniciativas como essa estão a caminho e, no longo prazo, as oportunidades no setor de cana-de-açúcar não devem ser menosprezadas.

Fonte: Folha de São Paulo

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