Mundo vai precisar de mais açúcar, e o Brasil tem condições de suprir demanda

Publicado em 10/12/2010 08:29
Por Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria.
Todos os anos, no final de novembro, a Organização Internacional do Açúcar realiza, em Londres, sua reunião anual de conselho e seminário técnico.

Neste ano, um dos temas que trouxeram maior atenção foi a avaliação, feita pelo seu time de economistas e apresentada por Lindsay Joly, sobre a evolução da participação do açúcar na oferta global de adoçantes, e as perspectivas de crescimento de sua demanda no futuro.

Entre 1985 e 2009, o consumo mundial de adoçantes cresceu de 104,9 milhões para 177,4 milhões de toneladas de açúcar cru equivalente.

Nesse período, a demanda mundial por açúcar passou de 91,5 milhões para 148 milhões de toneladas.

O consumo de adoçantes de alta intensidade (sacarina, ciclamato, aspartame, estévia e outros) passou de 7,2 milhões para 16,9 milhões de toneladas de açúcar cru equivalente, e o consumo de glucose e frutose de milho cresceu de 6,2 milhões para 12,5 milhões de toneladas.

A participação do açúcar no consumo de adoçantes, que era de 87,2% em 1985, caiu para 82% em 2000, mas voltou a crescer, atingindo 83,4% em 2009.

Com premissas conservadoras sobre a expansão futura do consumo de açúcar, a ISO prevê que até 2020 a produção mundial precisará aumentar 50,8 milhões de toneladas para atender a demanda crescente, impulsionada principalmente por economias emergentes, como a China e a Índia, e os países em desenvolvimento, notadamente os do norte e do oeste da África.

Para que se tenha em conta o que esse crescimento representa, o Brasil, que é o maior produtor mundial, deverá produzir 38,9 milhões de toneladas neste ano.

Onde deverá ocorrer esse aumento de produção é um desafio a todos os produtores mundiais, pelo que representa em mobilização de fatores de produção e pela capacidade empreendedora que precisa mobilizar.

É um desafio que, ao mesmo tempo, representa enorme oportunidade para países interessados em desenvolver o seu setor agroindustrial.

O Brasil permanece, pelo menos no médio prazo, como o país que melhores condições tem para atender parte importante desse aumento.

No resto do mundo, não faltam desafios. Enquanto o mundo demanda volumes crescentes, desde que a custos competitivos, surgem também novas preocupações em mercados-chave.

Nesta semana, a Justiça Federal da Califórnia ordenou, novamente, a remoção da produção de sementes de beterraba geneticamente modificadas.

Em agosto, a Justiça já havia proibido o cultivo do material transgênico até que um estudo completo sobre os impactos ambientais fosse realizado pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

Porém, o próprio Usda tem desafiado tal decisão, ao emitir licenças para que as empresas possam continuar a produzir sementes geneticamente modificadas.

Assim, um grupo de ambientalistas moveu uma ação contra o governo dos Estados Unidos, que, mais uma vez julgada, ratificou a decisão de que fossem eliminadas as plantações a partir do dia 6 deste mês.

A beterraba é plantada em mais de 1 milhão de hectares em dez Estados americanos, tendo à frente Minnesota, Dakota do Norte e Idaho.

A indústria norte-americana do açúcar poderá passar por dificuldades nos próximos dois anos, já que 50% de sua oferta vem da beterraba.

Além disso, mais de 90% do açúcar de beterraba deriva de material geneticamente modificado.

Como resultado, a produção total de açúcar poderá cair até 20%, forçando a alta nos preços domésticos, e o aumento da importação.

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Fonte:
Folha de São Paulo

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