Aversão ao risco limita fixação de preços do açúcar

Publicado em 28/01/2011 07:13
Entre 7,1 milhões e 8,9 milhões de toneladas do açúcar que será produzido a partir de abril no país estão com preços já fixados em bolsa. Na mesma época do ano passado, esse volume era de 6,9 milhões de toneladas, segundo a Archer Consulting.

Apesar dos volumes maiores, as fixações estão aquém do potencial, diz Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer. Isso porque, continua ele, as tradings é que fazem a fixação de preço em bolsa às usinas sob contrato de entrega futura do açúcar, assumindo portanto, a responsabilidade sobre os depósitos de margem [feitos na bolsa quando os preços oscilam para cima].

"As tradings não querem assumir riscos com muita antecedência", diz o especialista. O volume comprometido para safra 2011/12, que representa em torno de 30% do que o país exportou em 2010, está fixado ao preço médio de 22,81 centavos de dólar por libra-peso, segundo a consultoria. O valor é maior do que os 19,91 centavos de preço médio do volume fixado em igual momento do ano passado, mas está bem longe dos atuais níveis na bolsa de Nova York, que ontem fechou em alta de 73 pontos com a libra-peso a 31,31 centavos de dólar.

Corrêa explica, no entanto, que há muitos grupos melhor posicionados na fixação, com preços médios nos patamares de 25 centavos de dólar por libra-peso. Mas, no geral, diz ele, as tradings estão fixando preços para usinas com o mínimo de antecedência, diz Corrêa.

Fixar um ano antes virou prática cada vez mais rara. "Esses contratos estão sendo feitos mais próximos do embarque, com 45 a 90 dias antes para reduzir o risco de elevada chamada de capital para cobrir margem".

Em níveis de 30 centavos de dólar, os preços internacionais do açúcar têm apresentado bruscas variações. Tudo indica que o Brasil voltará a ser, como no ano passado, praticamente o único fornecedor de açúcar para o mundo.

Em 2010, o país embarcou ao exterior 27,9 milhões de toneladas da commodity (entre bruto e refinado), 15% mais do que em 2009, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Não há ainda estimativas oficiais do quanto será exportado em 2011, mas pelo menos a produção, segundo analistas, deve ser parecida ou menor do que a da temporada passada, devido a baixos investimentos em canaviais e a ocorrência de forte estiagem no ano passado.

O problema é que intempéries climáticas estão afetando também outros países produtores, como Austrália e Rússia. A primeira, afetada por enchentes, era uma das alternativas de oferta da China, que neste ano deve ampliar as compras do Brasil para refazer seus estoques, os mais baixos desde 2001, diz Plínio Nastari, presidente da Consultoria Datagro.

"No ano passado, a China, que não era tradicional em comprar do Brasil foi responsável por 4,8% das exportações do país, percentual que deve ser superior a 5% na safra 2011/12", diz Nastari. A Índia, diz o especialista, também deve exportar menos do que o inicialmente projetado pelo mercado. "Não será de 2,5 milhões a 3 milhões de toneladas, mas de 1,5 milhão a 2 milhões", acredita Nastari.

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Fonte:
Valor Econômico

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