Governo irá regular mercado de etanol e desagrada o setor

Publicado em 08/04/2011 11:20
Taxar a exportação do açúcar e entregar para a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a regulação do setor sucroalcooleiro, em estudo pelo governo federal, não agradou os usineiros e conseguiu críticas até mesmo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O governo está finalizando um pacote de medidas para regular o mercado de etanol, de forma a combater a escassez do produto no País, afirmou ontem o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. A ideia, segundo Rossi, é criar uma nova política para o setor alcooleiro, que incluirá mecanismos oficiais de apoio ao setor produtivo, mas também exigirá garantia de suprimento. "Realmente é verdade que o governo está estudando uma série de medidas. Não foram tomadas medidas ainda, mas certamente nos próximos dias ou semanas haverá mudanças na política do etanol no Brasil", disse o ministro Rossi."Não há uma medida isolada. Há um conjunto de medidas que estão sendo estudadas e que compõem uma nova política para o setor alcooleiro", disse Rossi. "Há uma contrapartida clara. O governo está disposto a apoiar o setor para que sejam retomados os investimentos que começaram a se tornar difíceis a partir da crise de 2008. Mas para fazer isso o governo exige garantia de suprimento, uma série de outras circunstâncias que, claro, só se faz por meio da regulação", completou. Já é dado como certo que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) será responsável pela regulação do etanol. Rossi disse que é muito provável que a agência ganhe poderes sobre o setor. "A ideia é que o etanol é um combustível e como combustível precisa ter um regulamento próprio dos combustíveis, diferentemente do açúcar, que é um produto agroindustrial", declarou. Rossi afirmou ainda que "o fato é que havendo a presença da ANP, a forma de regular será mais próxima dos combustíveis já existentes e já regulados pela agência". Sobre a possibilidade de taxação do açúcar de forma a estimular a produção de álcool, Rossi disse que "é uma ideia que está sendo discutida" e que também não tinha uma decisão sobre essa medida. O setor produtor se mostrou preocupado em relação às mudanças sugeridas pelo governo brasileiro em relação à produção de etanol. Para os usineiros, ao invés de taxas sobre as exportações do açúcar, conforme sugerido na ultima segunda-feira pela presidente da república, Dilma Rousseff, o governo deveria auxiliar o setor para a ampliação da produção de cana-de-açúcar. "A solução não é tributar o produto. Temos de investir mais em novas unidades produtoras, e aumentar a produção de cana. Não adianta cobrar imposto, porque as usinas não conseguiriam ampliar em mais de 3 bilhões de litros a produção de álcool", afirmou, João Pereira Pinto, da Usina Santa Cruz, no interior de São Paulo. Para o diretor industrial do Grupo Cerradinho, Luiz Antônio Magazoni, os problemas com abastecimento do etanol no Brasil foram causados pela falta de planejamento de toda a cadeia, já que a demanda cresceu mais que a capacidade ofertada. "O consumo aumentou bastante e o canavial ficou muito desgastado. Para recuperar o processo é mais longo. Ainda não sabemos como ficará esta história. O setor precisa crescer, não precisa de mais taxas. Não é deixando de exportar açúcar que as coisas irão se resolver." Já a Usina Coruripe, em Alagoas, acredita que esses problemas não são motivos para que o governo obrigue uma empresa a produzir determinado produto. "Estamos vivendo uma situação fantástica em relação ao preço do açúcar, e temos de aproveitar isso. Colocar taxas sobre as exportações não resolverá o problema", frisou Nelson Ferreira, gerente de Comunicação da empresa. Procurada pelo DCI, a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) comunicou que não irá se pronunciar até possuir mais detalhes sobre o assunto. Preço O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Cledorvino Belini, criticou ontem a decisão do governo de intervir no etanol. "Somos a favor do livre mercado. O empreendedor é que tem de decidir onde vai colocar os seus recursos. Nosso receio é que isso iniba investimentos novos na área, prejudicando a expansão da produção", afirmou ele. Belini admitiu que o preço do combustível subiu significativamente nos últimos meses, mas disse que cabe "ao Estado criar uma política de incentivos para que o setor cresça e se evite a falta do produto para que o abastecimento esteja sempre regulado" (DCI, 8/4/11)
Taxar a exportação do açúcar e entregar para a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a regulação do setor sucroalcooleiro, em estudo pelo governo federal, não agradou os usineiros e conseguiu críticas até mesmo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O governo está finalizando um pacote de medidas para regular o mercado de etanol, de forma a combater a escassez do produto no País, afirmou ontem o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi.

A ideia, segundo Rossi, é criar uma nova política para o setor alcooleiro, que incluirá mecanismos oficiais de apoio ao setor produtivo, mas também exigirá garantia de suprimento. "Realmente é verdade que o governo está estudando uma série de medidas. Não foram tomadas medidas ainda, mas certamente nos próximos dias ou semanas haverá mudanças na política do etanol no Brasil", disse o ministro Rossi."Não há uma medida isolada. Há um conjunto de medidas que estão sendo estudadas e que compõem uma nova política para o setor alcooleiro", disse Rossi. "Há uma contrapartida clara. O governo está disposto a apoiar o setor para que sejam retomados os investimentos que começaram a se tornar difíceis a partir da crise de 2008. Mas para fazer isso o governo exige garantia de suprimento, uma série de outras circunstâncias que, claro, só se faz por meio da regulação", completou.

Já é dado como certo que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) será responsável pela regulação do etanol. Rossi disse que é muito provável que a agência ganhe poderes sobre o setor. "A ideia é que o etanol é um combustível e como combustível precisa ter um regulamento próprio dos combustíveis, diferentemente do açúcar, que é um produto agroindustrial", declarou.

Rossi afirmou ainda que "o fato é que havendo a presença da ANP, a forma de regular será mais próxima dos combustíveis já existentes e já regulados pela agência".

Sobre a possibilidade de taxação do açúcar de forma a estimular a produção de álcool, Rossi disse que "é uma ideia que está sendo discutida" e que também não tinha uma decisão sobre essa medida.

O setor produtor se mostrou preocupado em relação às mudanças sugeridas pelo governo brasileiro em relação à produção de etanol. Para os usineiros, ao invés de taxas sobre as exportações do açúcar, conforme sugerido na ultima segunda-feira pela presidente da república, Dilma Rousseff, o governo deveria auxiliar o setor para a ampliação da produção de cana-de-açúcar. "A solução não é tributar o produto. Temos de investir mais em novas unidades produtoras, e aumentar a produção de cana. Não adianta cobrar imposto, porque as usinas não conseguiriam ampliar em mais de 3 bilhões de litros a produção de álcool", afirmou, João Pereira Pinto, da Usina Santa Cruz, no interior de São Paulo.

Para o diretor industrial do Grupo Cerradinho, Luiz Antônio Magazoni, os problemas com abastecimento do etanol no Brasil foram causados pela falta de planejamento de toda a cadeia, já que a demanda cresceu mais que a capacidade ofertada. "O consumo aumentou bastante e o canavial ficou muito desgastado. Para recuperar o processo é mais longo. Ainda não sabemos como ficará esta história. O setor precisa crescer, não precisa de mais taxas. Não é deixando de exportar açúcar que as coisas irão se resolver."

Já a Usina Coruripe, em Alagoas, acredita que esses problemas não são motivos para que o governo obrigue uma empresa a produzir determinado produto. "Estamos vivendo uma situação fantástica em relação ao preço do açúcar, e temos de aproveitar isso. Colocar taxas sobre as exportações não resolverá o problema", frisou Nelson Ferreira, gerente de Comunicação da empresa.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) comunicou que não irá se pronunciar até possuir mais detalhes sobre o assunto.

Preço

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) Cledorvino Belini, criticou ontem a decisão do governo de intervir no etanol. "Somos a favor do livre mercado. O empreendedor é que tem de decidir onde vai colocar os seus recursos. Nosso receio é que isso iniba investimentos novos na área, prejudicando a expansão da produção", afirmou ele.
Belini admitiu que o preço do combustível subiu significativamente nos últimos meses, mas disse que cabe "ao Estado criar uma política de incentivos para que o setor cresça e se evite a falta do produto para que o abastecimento esteja sempre regulado"

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Fonte:
DCI

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