Etanol cai na usina, mas ainda resiste na bomba
Apesar de a entrada da safra estar diminuindo a pressão sobre o mercado - e de o viés ser de baixa -, o valor médio da primeira metade de abril ainda é 76,9% superior ao observado no mesmo período do ano passado.
A queda nos preços apontada pelo Cepea, no entanto, vale para o combustível vendido pelas usinas às distribuidoras. Ao consumidor, os efeitos da entrada da safra ainda não foram sentidos. Segundo o Cepea, na bomba o preço médio do etanol na primeira semana de abril ainda subiu 0,36% na comparação com a semana anterior.
Segundo análise dos pesquisadores do Cepea, dois motivos influenciaram a recente queda dos preços. Com o avanço da colheita e a consequente celeridade no processamento da matéria-prima, a oferta do combustível está maior. Aliado a isso, já houve forte queda na demanda pelo etanol hidratado após os preços terem disparado durante o auge na entressafra. A valorização deixou o derivado da cana menos atraente que a gasolina, estimulando uma migração de um combustível para o outro, no caso de veículos com motor flex.
Para o etanol anidro - misturado à gasolina - a trajetória dos preços segue sentido oposto ao do hidratado. "A oferta do produto da nova safra ainda é pequena, enquanto a demanda está aquecida, o que tem dado suporte às cotações nas últimas semanas", afirma o Cepea. Nas duas primeiras semanas de abril, o preço médio do anidro ficou em R$ 2,0653 por litro nas usinas, 30% acima que a média do mês de março.
O preço alto do etanol alimenta discussões no governo e polêmica entre as usinas. A situação chegou a tal ponto que, antes de embarcar para a China, a presidente Dilma Rousseff determinou a "transferência compulsória" do controle e da fiscalização da cadeia do etanol à ANP.