Início da safra no Centro-Sul com ritmo de moagem abaixo do esperado

Publicado em 26/05/2011 15:34
A moagem de cana-de-açúcar das unidades produtoras da região Centro-Sul do País somou 32,77 milhões de toneladas na primeira quinzena de maio, queda de 6,69% em relação aos 35,13 milhões de toneladas observados em igual período do último ano. No acumulado desde o início da safra 2011/2012, a moagem totalizou 56,66 milhões de toneladas, 39,51% abaixo das 93,67 milhões de toneladas registradas na mesma data de 2010.
 
Essa comparação dos volumes acumulados deve ser feita com cautela, pois a safra 2010/2011 foi atípica, caracterizada pela antecipação do início das atividades das unidades produtoras para janeiro, fevereiro e março, meses habitualmente observados como de entressafra. Na safra atual o cenário é oposto, já que mais de 60 unidades ainda não estavam em operação até 15 de maio, reflexo da baixa disponibilidade de cana.

Qualidade da matéria-prima

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima atingiu 115,20 kg na primeira quinzena de maio, queda de 8,37% relativamente aos 125,73 kg obtidos no mesmo período de 2010. No acumulado desde o início da safra 2011/2012, a concentração de ATR alcançou 108,77 kg por tonelada de cana-de-açúcar, 8,51 kg inferior ao observado na safra passada, em igual período.

Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA),“além da pior qualidade da matéria-prima e do ritmo de moagem mais lento nesse início de safra, estamos observando uma redução significativa da produtividade agrícola do canavial”. Caso esse cenário se mantenha para os próximos meses, poderemos não atingir a produção projetada para a safra, explica o executivo.

Em março deste ano, a UNICA divulgou a projeção de produção para a safra 2011/12 no Centro-sul, estimando uma moagem de 568,50 milhões de toneladas, com uma concentração de ATR de 140,80 por tonelada de cana.

Produção e mix

A fabricação de açúcar totalizou 1,54 milhão de toneladas nos primeiros 15 dias de maio, ante 1,87 milhão de toneladas no mesmo período de 2010. Em relação ao etanol, o volume produzido na primeira quinzena deste mês foi de 1,26 bilhão de litros, sendo 506,90 milhões de etanol anidro e 756,30 milhões de etanol hidratado.

No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar alcançou 2,36 milhões de toneladas, e a de etanol 2,16 bilhões de litros. Com isso, 59,87% da cana processada nesta safra destinou-se à produção de etanol. 

O diretor da UNICA alerta que “os números mostram que as empresas continuam priorizando a produção de etanol”. “Já entramos definitivamente na safra 2011/2012 e a preocupação nesse momento não é com o abastecimento, mas sim com o estabelecimento de mecanismos para que o cenário de elevada volatilidade de preços observado nesta entressafra não se repita no próximo ano,” acrescenta o executivo.

Vendas de etanol pelas unidades produtoras

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul, acumuladas de 1º de abril até 15 de maio, alcançaram 1,91 bilhão de litros. Deste total, somente 51,80 milhões de litros foram destinados à exportação, enquanto 1,86 bilhão de litros foram vendidos no mercado doméstico. Do total destinado ao atendimento do mercado interno, 934,72 milhões de litros referem-se ao etanol hidratado, e 921,25 milhões de litros ao etanol anidro.

Especificamente em relação ao etanol anidro, as vendas na primeira quinzena de maio totalizaram 327,29 milhões de litros, volume semelhante ao registrado na quinzena anterior (316,65 milhões de litros). Já as vendas de etanol hidratado no mercado interno apresentaram um crescimento significativo neste período, quando foram comercializados 419,85 milhões de litros na primeira quinzena do mês - alta de 37,71% comparativamente aos 304,88 milhões de litros registrados na última quinzena de abril deste ano.

Este aumento das vendas de etanol hidratado deve-se à recomposição dos estoques operacionais pelos agentes de comercialização e à recuperação da competitividade do produto frente à gasolina. Segundo dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na última semana (de 15 a 21 de maio), o preço médio do etanol hidratado na bomba no Estado de São Paulo ficou em R$ 1,78 por litro, queda de 19,45% comparativamente ao observado há sete semanas, quando atingiu  o pico de R$ 2,21 por litro. 

Em relação ao produtor, a retração de preços foi ainda maior. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na semana de 20 a 26  de março deste ano o preço do etanol hidratado ao produtor no Estado de São Paulo atingiu o teto de R$ 1,63 por litro. Na última semana (15 a 21 de maio), porém, o valor registrado foi de R$ 0,99 por litro – uma queda de 39,26% em relação ao período citado.

Consequência dessa queda de preços, o etanol voltou a ser economicamente competitivo em relação à gasolina do tipo C em quatro estados do País: Goiás, Mato Grosso, Paraná e em São Paulo. Nesses estados, a paridade do etanol hidratado em relação ao preço da gasolina do tipo C nos postos de combustíveis é inferior a 70%. 

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Fonte:
UNICA

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