Plantio de canaviais atrasa e a oferta de cana adicional crescerá menos em 2012

Publicado em 06/06/2011 07:53
"Em março, a chuva foi tão intensa que quase não se plantou nada de cana", diz Ismael Perina, presidente da Orplana.
O excesso de chuvas entre março e abril deste ano atrapalhou o plantio de cana-de-açúcar do Centro-Sul do país. Parte do que se esperava de cana adicional para o ano que vem já foi perdida, segundo estimativa da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Inicialmente, a entidade previa que o potencial de crescimento da oferta da matéria-prima era de 138 milhões de toneladas, resultado de uma renovação de canavial de cerca de 1,3 milhão de hectares.

Neste momento, já se sabe que pelo menos 20 milhões de toneladas desse volume esperado não devem virar realidade, segundo o diretor-técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues. Ele afirma que a cana que é plantada entre fevereiro e abril, a chamada "cana de um ano e meio", foi afetada pelo excesso de chuvas.

Essa cana é colhida já na safra seguinte com uma produtividade mais alta, próxima de 130 toneladas por hectare, bem acima das 100 toneladas por hectare da cana que está sendo plantada agora entre maio e junho (cana de inverno) e a semeada entre agosto e setembro (cana de um ano).

É justamente para a "cana de um ano e meio", com o primeiro corte mais produtivo, que se esperava a maior área plantada e na qual houve a maior queda no plantio, diz Rodrigues.

Mais capitalizados, produtores e usinas iniciaram 2011 com planos de renovar 18% (1,3 milhão de hectares) da área de cana do Centro-Sul, acima da média anual de 16%. Desses 1,3 milhão, 1 milhão de hectares estavam planejados para o cultivo dessa cana de um ano e meio. Rodrigues estima que 60% da área prevista para esse período de plantio foi efetivamente cultivada.

"Choveu muito no Centro-Sul todo, sobretudo em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná", diz Rodrigues. Algumas usinas continuam o plantio, mas da cana de inverno que, juntamente com a "cana de um ano" deve ter uma fatia de 300 mil hectares da área de renovação prevista para o ano.

"Não teremos todo o potencial previsto inicialmente mas, de qualquer forma, ao renovarmos, estaremos substituindo nessa área um canavial velho, de seis anos de idade e produtividade de 65 toneladas de cana por hectare, por um outro novo, com 100 toneladas por hectare", diz Pádua.

Apesar da redução do potencial de crescimento de oferta de cana para 2012, Pádua pondera que o aumento do volume disponível para moagem do ano que vem em comparação com esta safra está garantido. "Há o volume adicional da renovação de canaviais e também as novas áreas vindas dos greenfields", argumenta.

Os fornecedores de cana devem ser os mais afetados pelas adversidades no plantio de cana neste ano. Ismael Perina Júnior, presidente da Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul (Orplana), afirma que apesar de todo o esforço para avançar o plantio, em março os fornecedores de cana não conseguiram cultivar quase nada, por causa das chuvas torrenciais. "Daqui para frente, apenas as usinas plantam, pois o clima fica seco e as indústrias conseguem irrigar com a vinhaça, líquido resultante do processo industrial ", diz.

Esta safra em curso, a 2011/12, já é a segunda com oferta escassa de cana. Por isso, a tentativa de ampliar a renovação. A previsão da Unica para este ciclo é de moagem de 568,50 milhões de toneladas de cana. Se concretizada, ficaria 2,11% acima das 556,74 milhões de toneladas processadas no ciclo anterior.

Mas, a própria Unica já reconheceu que pode revisar esse número para baixo, por causa da menor produtividade apresentada pelos canaviais neste começo de safra - consequência da forte estiagem que atingiu as áreas de cana no ano passado. A consultoria Datagro já alterou sua estimativa em maio para 554,1 milhões de toneladas de moagem, ante as 561,32 milhões previstas em abril.

O mercado já começa a precificar as chances de uma safra menor no Brasil nos futuros de açúcar. Na sexta-feira, os contratos para outubro fecharam em alta de 23 pontos, a 23,61 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York diante de especulações de que a oferta de açúcar no Brasil será limitada. No mercado interno, a safra pressiona. O indicador Cepea/Esalq para o cristal caiu 1,5% na sexta-feira, a R$ 53,83 por saca.

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Fonte:
Valor Econômico

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