Industrialização fará da China líder mundial em importações de açúcar

Publicado em 14/06/2011 07:56
O apetite da China por commodities agrícolas aumentará nos próximos anos. A segunda maior economia do mundo deverá se tornar o maior importador de açúcar, ao mesmo tempo em que o Brasil consolidará sua dominação no mercado como produtor e exportador.

As projeções são do relatório "Perspectivas Agrícolas 2011-2020", que a OCDE e a FAO publicarão na sexta-feira em Paris. Para o Brasil, as tendências sobre a China são ainda importantes na medida em que, segundo a OCDE, 14% das exportações agrícolas do país foram para o mercado chinês em 2009 (representando 15% das importações agrícolas chinesas), dominadas pela venda de complexo de soja.

A China emergiu como maior país importador de açúcar durante a safra 2010/11, refletindo rápida expansão da demanda e menor aumento da produção doméstica. Pela primeira vez, Pequim excedeu sua cota de importação de 1,95 milhão de toneladas anual.

O rápido crescimento econômico e a urbanização estão promovendo o uso industrial de açúcar nas preparações de produtos. Além disso, o governo tenta reduzir o uso de adoçantes artificiais. O crescimento de sua produção é limitada pela disponibilidade de água. Tudo isso levará a importações acima de 5 milhões de toneladas por volta de 2020, fazendo da China o maior importador mundial, superando a União Europeia (UE), Estados Unidos e Rússia.

A produção de Tailândia e Austrália tende também a aumentar, para atender ao mercado asiático com crescente demanda. Mas é o Brasil que continuará dando o tom no mercado mundial. Com um dos mais baixos custos na produção, pode expandir a área de cana juntamente com produção de etanol.

Os produtores brasileiros devem consolidar sua posição de líder global nas exportações, com mais de 55% do comércio mundial e mais de 63% de todo o açúcar adicional exportador. A maior parte será açúcar bruto, podendo crescer para 21 milhões de toneladas em 2020. Mas os embarques de açúcar branco tendem a aumentar também em 50% e alcançar mais de 12 milhões de toneladas no mesmo período.

As projeções apontam também crescente demanda da China por oleaginosas, que explodiu nos últimos anos, pressionando os mercados. A UE continuará como segundo maior importador global.

Mais de 55% das vendas brasileiras de complexo de soja foram para a China, correspondendo a 34% das importações chinesas do produto. Pequim será o maior consumidor mundial de óleos vegetais, enquanto países pobres tenderão a ter dificuldade em consumir o produto por causa do preço.

Já a expansão na demanda de farelo desacelera. A demanda adicional será atendida principalmente pela produção doméstica que, em todo caso, continuará se apoiando fortemente na importação de soja.

Crescerá também a importação chinesa de leite em pó, por causa da inquietação interna sobre a produção local depois de escândalos sanitários que levarão anos a melhorar a imagem do setor.

As maiores importações de trigo nos próximos dez anos também serão da China, União Europeia, Egito e Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, a produção chinesa de cereais forrageiros tende a crescer.

Entre os grandes produtores de arroz, a China cortará sua produção em cerca de 7 milhões de toneladas, por causa de menor consumo doméstico e maior competição pela terra.

Na área de carnes, os chineses mantêm a politica de autossuficiência, mas sua posição no comércio de carne suína, por exemplo, continua incerta, dependendo do ano. Um acontecimento imprevisto pode provocar alta de importação da carne e ter impacto forte no mercado internacional.

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Fonte:
Valor Econômico

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