Exportação de açúcar dá sinais de esfriamento

Publicado em 05/10/2011 07:51
As exportações de açúcar, que estão 7% menores do que no ciclo passado nesta safra, mostram perda de vigor. Ontem, os portos brasileiros tinham navios programados para embarcar metade do volume agendado há um ano. O mercado acredita que esse enfraquecimento não se limitará à atual safra. A próxima temporada também deve ser de produção e embarques mais fracos da commodity.

Havia ontem, nos portos do Centro-Sul e do Nordeste, programação para embarque de 1,19 milhão de toneladas nas próximas semanas, segundo levantamento feito pela SA Commodities. Em 4 de outubro do ano passado, estavam programadas exportações de 2,73 milhões de toneladas.

Dados da Secex/MDIC mostram que em setembro o volume embarcado foi 18% menor do que em igual mês de 2010. Foram 2,79 milhões de toneladas de açúcar, ante 3,3 milhões de toneladas registradas um ano antes.

No acumulado da atual temporada, a 2011/12, ou seja, entre maio e setembro, o Brasil embarcou 13 milhões de toneladas de açúcar, 7,1% menos do que as 14 milhões de toneladas exportadas no mesmo intervalo de 2010.

A quebra na safra de cana - causada por uma série de fatores, que vão desde falta de investimentos em canaviais nos últimos anos até ocorrência de geadas - é a principal razão para os menores embarques, segundo Mário Silveira, da FCStone.

Podem estar ocorrendo também, segundo ele, casos pontuais de usinas renegociando a colocação de açúcar de exportação no mercado interno, que paga atualmente 2% mais do que o produto de exportação, segundo cálculos do Cepea referente à semana de 26 a 30 de setembro. A conta considera US$ 100 por tonelada de custos de colocação no porto e prêmio de qualidade de US$ 90,00 por tonelada.

"Pela primeira vez em 17 anos, o Brasil não entregou açúcar na bolsa de Nova York no vencimento da tela de outubro. Isso é um sinal de que o mercado físico está mais aquecido", avalia Silveira.

De qualquer forma, não são esperadas grandes mudanças na oferta de cana no Brasil para 2012, afirma Plínio Nastari, presidente da Datagro. E com o aumento da produção do adoçante na Rússia, na União Europeia, na Índia e na Tailândia, é possível que a diferença de remuneração entre etanol e açúcar fique menor, estimulando uma safra mais alcooleira, diz Nastari.

Em 3 de outubro, quando o contrato 11 em Nova York fechou a 24,85 centavos de dólar por libra-peso, o açúcar de mercado interno, em São Paulo, teve preços equivalentes a 25,99 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o etanol anidro fechou com valor equivalente a 21,05 centavos de dólar por libra-peso e o hidratado, a 19,42 centavos de dólar por libra-peso, segundo a Datagro.

"Se essa diferença de remuneração diminuir, as usinas vão preferir produzir etanol, que têm mais liquidez", afirma Nastari.

No ciclo passado, o 2010/11, o país embarcou 25,51 milhões de toneladas de açúcar, sendo que o Centro-Sul representou 23,18 milhões de toneladas desse total, segundo a Datagro. O mercado estima para essa temporada embarques da ordem de 21,8 milhões de toneladas no Centro-Sul, queda de 6% em relação ao ciclo anterior.

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Fonte:
Valor Econômico

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