Falta dinheiro! Crédito escasso ameaça nova safra brasileira

Publicado em 17/08/2016 12:42
Confira a entrevista com Matheus Marino - Economista Fundação FGV / Markestrat

Para a safra 2016/17, o produtor rural encontra problemas para conseguir crédito. Com a economia brasileira no pico da crise, com dificuldade de captar recursos para o país, o funcionamento da atividade agrícola fica comprometido no que diz respeito ao financiamento.

De acordo com o economista Matheus Marino, da FGV, a perspectiva para o agronegócio brasileiro, no entanto, é positiva, uma vez que é o único setor do Brasil que continua apontando crescimento. Mas o foco no crédito é essencial - sobretudo a procura de melhores maneiras para obtê-lo.

“Os agricultores se endividaram. No momento em que precisam renegociar taxas de juros, encontram dificuldades grandes”, aponta Marino. O economista lembra que, neste momento, produtores que possuem perfil de “bons pagadores” são priorizados, mas que há um caminho para driblar este gargalo.

Marino defende que os produtores procurem obter maior conhecimento em soluções financeiras, o que seria essencial para se manterem competitivos. Um dos métodos indicados por ele é a Operação Barter (troca, em Inglês), que é o pagamento pelo insumo por meio da entrega do grão no pós-colheita. Ou seja: o produtor deve procurar disponibilizar a safra futura para captar recursos, o que reduz o risco de não-recebimento para o agente financiador.

Além disso, ele ainda defende que o produtor tenha conversas com agentes financeiros para discutir de igual para igual e encontrar modalidades que se encaixem à sua necessidade. “Conhecimento financeiro é crucial para o desenvolvimento na atividade”, diz.

Redução de despesas

O economista lembra também que aqueles produtores que desejam reduzir seus custos devem fazê-lo com cautela, de forma a não prejudicar a eficiência e os níveis de produção.

“É importante ter um mecanismo de gerenciamento muito forte para identificar, talhão por talhão, qual é a fonte de desperdício para garantir a redução e manter a produtividade”, aconselha Marino.

Ele lembra também que, em termos de tratamento fitossanitário, o produtor já possui um alto nível de expertise. O emprego da nutrição especializada somada à agricultura de precisão vem reduzindo a utilização de fertilizantes por área. No entanto, uma redução racional em pedaços do talhão é fundamental para não oferecer impactos para a produtividade.

Outro ponto de melhoria apontado por Marino seria a mão de obra. “Há uma dificuldade de mão de obra qualificada. Muitas vezes, maquinas não são operadas como deveriam e, assim, não exploram todo o potencial que a máquina poderia ter na atividade”.

O que o agronegócio deve fazer?

Para o economista, o fortalecimento do agronegócio enquanto associação, obtendo representatividade política, é importante para defender uma fatia na economia que é a única em crescimento no país. Ele diz que “é fundamental e saudável a capacidade de lobby político em busca dos interesses do setor”.

Ele vê um bom cenário para a próxima safra, uma vez que as cotações se encontram satisfatórias, mesmo com a queda do dólar. “Creio que a safra 16/17 deixa renda para o produtor, apesar de estar mais apertado”, atesta.

Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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