Vítima da moratória da soja, produtor rural é prejudicado por embargo mesmo com documentação em dia

Publicado em 15/10/2019 16:27
Entrevista com Hélio Turquino - Produtor Rural do Pará sobre a moratória da soja
Hélio Turquino - Produtor Rural do Pará

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Entrevista com Hélio Turquino - Produtor Rural do Pará sobre a moratória da soja

 

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Propriedades no estado do Pará estão sendo prejudicadas por embargos com a moratória da soja. Outro fator que preocupa os produtores, é o aumento de casos de incêndios.

De acordo com o produtor rural, Hélio Turquino,metade da propriedade da família é destinada a floresta e o restante na produção de grãos. "Nós temos toda a documentação em dia, isso porque, gostamos de trabalhar da forma correta", afirma.

A fazenda Agropecuária Espigão tinha um embargo parcial de 150 hectares. Em função dos incêndios, a inscrição do foi suspensa. "Agora eu não posso mais comercializar a soja cultivada nesta área embargada", comenta.

Confira a Carta enviada pelo o produtor rural, Hélio Turquino. 

Meu nome é Hélio Turquino, sou produtor rural no Pará, Mato Grosso do Sul e Paraná. Tenho 84 anos e sempre trabalhei com a terra, produzi alimentos, e ainda produzo, milho, soja, arroz. Tenho uma filha advogada e um filho zootecnista, plantamos 2.200ha de milho, arroz e soja no Pará, cada vez com mais dificuldades impostas a quem produz. 

Meu filho mora no Pará há 17 anos e planta em uma área que, antes de comprarmos já tinha sido agricultável, foi adquirida para não termos problemas de ordem ambiental. Lembrando ainda que, no estado do Pará, toda propriedade rural tem 50% de reserva legal, área obrigada se preservar, o que cumprimos, como a lei determina, assim como todas as outras exigências que nos são impostas. 

Tem acontecido no Pará, com meu filho, que fecha contratos futuros com empresas, como Bunge, Cargill, estas, por sua vez, obedecem a regras impostas por ONG’s, na compra de soja de propriedades embargadas. 

Estes embargos são feitos sem nenhum pré-questionamento, apenas temos nossas áreas, ou parte delas, impedidas de serem cultivadas. E o que já estava vendido às multinacionais, mediante contratos futuros, não pode ser mais ser comercializado. Também não é respeitado o equivalente em percentual embargado da área, para que seja comercializado percentual referente ao que não foi embargado na mesma propriedade, pois é embargada a inscrição da propriedade.

Até aqui já é um absurdo, mas, a situação está cada dia pior. Os embargos em minha propriedade foram feitos em uma área de 150ha, em razão de fogo que veio do vizinho, o qual ajudamos a combater e conter. Como todos sabem, a região norte do país tem um período de chuva e outro de seca, cujas altas temperaturas causam focos de incêndio. Jamais tivemos ajuda de ONG’s para apagarmos incêndio, mas, para atrapalhar a produção de alimentos, são ávidos.

Na área embargada não podemos plantar, se não plantamos, não vendemos, se não vendemos, não pagamos o adubo ou o financiamento e, se não saldarmos nossas dívidas, como prosseguir? 

Essas ONG’s não respeitam projetos, CAR, LAR, enfim, querem nos impor sanções, sem motivos, legislar dentro de nossas propriedades e determinar regras que impedem a venda de nossos produtos, simplesmente, porque não apoiamos o PT, fizemos intensa campanha pelo atual presidente e sofremos retalhação por isso. Não sabemos mais o que fazer, toda nossa documentação está em ordem, tudo que o governo pede é providenciado. 

Temos reserva legal e não podemos plantar, não podemos vender o que é produzido nesta área, não nos liberam e não sabemos mais o que fazer ou a quem recorrer.


Há poucos dias o deputado federal Tiago Dimas do Tocantins fez esta denúncia na tribuna da câmara. Já falei com a Ministra Tereza Cristina, estou recorrendo a todos os meios. Peço atenção e ajuda de todos para o que está acontecendo no Brasil. Os corruptos, a esquerda e todos que ganhavam com o antigo governo querem inviabilizar a produção e os meios de quem produz, desejam destruir o atual governo e, para isso, não medem esforços. 


É muito triste chegar em minha idade, depois de ter trabalhado a vida inteira, produzindo alimento, seguindo regras, cumprindo leis, agora ser tratado como se fosse um bandido, impedido de dar seguimento ao negócio que sustenta minha família.


Espero poder ver o fim desta situação em breve.

Por: João Batista Olivi
Fonte: Notícias Agrícolas

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