Cada vez mais o produtor rural precisa ser um bom gerenciador financeiro do seu negócio

Publicado em 28/03/2023 10:54 e atualizado em 03/04/2023 15:57
Conexão Campo Cidade
O Conexão Campo Cidade desta semana focou no preço da soja, o qual está com níveis de rentabilidade muito menores em comparação com o último ano, o que desta reforça a necessidade de uma boa administração financeira na atividade rural

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Cada vez mais o produtor rural precisa ser um bom gerenciador financeiro do seu negócio

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Safra brasileira e ritmo lento de vendas do produtor rural

O mercado da soja tem sido alvo de atenção nos últimos tempos devido ao ritmo de venda do produtor brasileiro, que está abaixo do esperado para esta época do ano. Segundo Marcos Araujo, sócio-diretor da Agrinvest Commodities e consultor em agronegócio, a venda brasileira está inferior a 45%.

De acordo com Araujo, os produtores deixaram muito para fazer a venda na boca, ou seja, optaram por não comercializar antecipadamente com medo de perder a safra. Esse receio se deve, em parte, ao La Niña, que no ano passado afetou a safra de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná. No entanto, o La Niña deste ano ficou mais isolado na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul.

Araujo trabalha com a estimativa de uma produção de 152 a 153 milhões de toneladas de soja no país, mas existem algumas estimativas privadas de grandes trades que consideram uma produção brasileira na ordem de 158 milhões de toneladas de soja nesta temporada.

 

Margem de esmagamento das indústrias chinesas afeta preços da soja no Brasil

80% da soja brasileira tem como destino a China e isso tem impactado no preço da commodity no país. As indústrias chinesas que realizam o esmagamento da soja estão passando por um momento difícil, pois a soja importada pela China é destinada ao seu mercado interno para atender a produção de carne suína e de frango. A China é responsável por cerca de 50% da produção mundial de carne suína, e atualmente os preços que os produtores chineses estão vendendo a carne suína estão com margem de ganho muito baixa.

Recentemente, a margem de ganho dos produtores chegou a ser de apenas 10 dólares por animal, enquanto alguns meses atrás essa margem chegou a superar 300 dólares por animal. Isso afeta diretamente a compra de farelo e óleo de soja, que são ingredientes da nutrição animal. Além disso, a produção de suínos e de carne de frango na China não deve ter crescimento em relação ao ano passado, o que diminui o ímpeto de importação de soja pela China.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que a importação chinesa de soja nesta temporada seja de cerca de 96 milhões de toneladas, enquanto na temporada anterior, com a mesma produção, a importação foi inferior a 92 milhões de toneladas. Isso indica um momento de baixa demanda pela soja brasileira.

Mesmo com a entrada da colheita de soja na Argentina, que tem importado bastante soja brasileira via Porto Murtinho pelas barcaças do Rio Paraguai, há uma tendência natural de diminuição da margem de lucro das indústrias processadoras na medida em que a Argentina entra no mercado. Por isso, especialistas têm recomendado as vendas futuras da soja brasileira.

 

Custos de armazenagem e problemas portuários impactam venda de soja no Brasil

De acordo com Marcos Araujo, a cada mês em que a soja é armazenada, é preciso que ela se valorize em cerca de R$ 2 por saca para compensar os custos financeiros de armazenagem e quebra técnica. Por isso, a meta do sojicultor é vender o produto por um preço maior do que esse valor.

O consultor recomenda que os produtores façam uma análise financeira antes de tomar a decisão de vender ou armazenar a safra. “Se o objetivo do produtor é um preço maior de 10 reais por saca, ele deveria fazer uma conta operação caixa. Se ele vender agora essa soja, aplicar o dinheiro e economizar em um período de cinco meses, ele vai ter esse ganho financeiro ao redor de 10 reais”, indica.

No entanto, Araujo ressalta que o momento atual é bastante desafiador para os produtores que precisam vender sua safra. Além dos custos de armazenamento, o excesso de chuvas nos portos, especialmente em Paranaguá, tem causado a diminuição no ritmo de exportação e gerado filas de espera de até 30 dias nos navios.

“Isso custa aí um exportador 600 mil dólares por navio e tem repercutido nos prêmios aqui no Brasil”, alerta o consultor. Diante desse cenário, os produtores precisam estar atentos às oportunidades de venda e monitorar de perto as flutuações do mercado para obter o melhor preço possível pela sua safra.

 

Travar ou não a safra? A importância de fazer operações de hedge para garantir preços remuneratórios

Produtores que têm evitado travar a venda de sua produção, com receio de perder a oportunidade de ganhar mais dinheiro, podem estar cometendo um erro. Antônio da Luz explicou que o momento certo de travar os preços é quando eles estão remuneratórios.

Ele explica que, ao travar um preço mais alto, o produtor pode vender uma parte de sua produção nessa faixa e, posteriormente, aproveitar oportunidades de mercado para vender o restante a um preço ainda mais elevado.

No entanto, dados recentes apontam que muitos produtores não têm feito a travagem de forma adequada. Segundo a consultoria de mercado, na safra atual, apenas 31% da produção havia sido travada no início da colheita, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 52%.

Para especialistas, o momento atual do mercado é um exemplo de como a falta de travagem pode resultar em perdas. Com o excesso de chuvas nos portos, a exportação de soja está em ritmo mais lento, o que tem provocado filas de espera nos navios e afetado os prêmios no Brasil.

Portanto, é fundamental que os produtores fiquem atentos ao mercado e tomem as decisões corretas de travagem, a fim de evitar perdas financeiras e maximizar seus lucros.

 

 

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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