Com altas seguidas nas cotações e projeções de patamares inéditos para @ do boi, pecuaristas tendem a reter animais

Publicado em 22/10/2020 12:41 e atualizado em 22/10/2020 15:33
Para analista, estratégia é legítima, mas deve ser seguida de cuidados para evitar uma reviravolta nos preços
Hyberville Neto - Analista da Scot Consultoria

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Entrevista com Hyberville Neto - Analista da Scot Consultoria sobre o Mercado do Boi Gordo

 

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A segunda quinzena do mês é marcada por uma redução nas vendas de carne bovina, mas o mercado tem apontado preços firmes da carne no atacado e com 18 semanas seguidas de valorização das cotações. “Nós também notamos ganhos no varejo nesses últimos sete dias e podemos considerar esse movimento como positivo, sendo que o escoamento da carne no mercado interno tem sido o elo mais fraco diante de todos os fundamentos do setor”, afirmou o Analista de Mercado da Scot Consultoria, Hyberville Neto.

Na última semana, o mercado de carne sem osso no atacado teve um ganho de 1,7% na média dos cortes. Já os cortes de traseiro registraram uma valorização semanal de 1,9% e o dianteiro 1,1% durante a semana. “Lembrando que os cortes de dianteiro são destinados a exportação e quando temos uma alta maior nos cortes de traseiro, isso nos ajuda a indicar que o consumo doméstico está absorvendo a oferta de carne que tem ficado aqui”, ressalta.

O analista destaca que o consumidor final está aceitando preços mais elevados da carne, mas parte das altas é em decorrência de um volume menor do produto no mercado doméstico. “A redução do volume no mercado interno se deve a diminuição dos abates e o aumento da quantidade de carne exportada. Isso gera uma quantidade menor a ser precificada em valores maiores”, comenta.

Diante do movimento de alta de arroba, o analista aponta que alguns pecuaristas estão adotando uma estratégia de reter os animais no confinamento para conseguir boas margens de lucros nas próximas semanas. “Como o mercado tem registrado altas a cada semana, o pecuarista acaba postergando dentro do possível a venda desses animais já que o mercado futuro indica valores muito atrativos”, destaca.

O analista não descarta uma acomodação nos preços da arroba no começo de dezembro com os frigoríficos com os estoques abastecidos para a demanda de final de ano. “Quando eu digo ‘acomodação’ não quer dizer que espero uma mudança do mercado, pois a tendência é de firmeza até o ano de 2021. O que eu quero dizer é que depois de altas consecutivas, o mercado pode ter um momento de calma e o pecuarista acaba vendendo de maneira mais concentrada e os preços acabam cedendo de uma maneira um pouco mais súbita”, aponta.

É importante ressaltar que quando o pecuarista opta por fazer uma retenção de animais no confinamento para negociar em preços mais elevados tenha feito uma trava no mercado futuro para se proteger de qualquer baixa no mercado. “Essa retenção é legitima e tem que vir acompanhada de alguma garantia de precificação, pois se todos pensarem da mesma forma todos vão querer negociar no mesmo período”, conclui.

Por: Aleksander Horta e Andressa Simão
Fonte: Notícias Agrícolas

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