Chuvas irregulares nas Matas de Minas deixam cafeicultor apreensivo e produtividade , apesar de melhor que na safra anterior, está muito abaixo do potencial da região

Publicado em 19/03/2015 10:55
Produção de café nas Matas de Minas para este ano ainda não está consolidada. Chuvas irregulares deixam cafeicultor apreensivo e produtividade , apesar de melhor que na safra anterior, está muito abaixo do potencial da região
A região das Matas de Minas já alcançou níveis de produção de 8 milhões de sacas. No ano passado, com a grande estiagem de mais de 90 dias, foi registrado um grande volume de quebra e a produção ficou em torno de 4 a 4,5 milhões de sacas.
 
Neste ano espera-se produzir de 6 a 6,5 milhões de sacas, segundo o presidente da Coocafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha), Fernando Cerqueira.
 
"É uma região que vem se destacando por produzir um café de qualidade, e com grande variedade de bebidas", completa.
Nos três primeiros meses do ano já foram registrados 40 dias de estiagem e apenas duas chuvas pontuais em inicio de fevereiro e março "níveis muito longe de recuperar o déficit hídrico da região", explica o presidente.
 
Contudo, as precipitações até o momento são suficientes para alimentar a parte vegetativa das plantas, e as perdas são pontuais, em regiões com menor altitude, ou lavouras onde os tratos culturais não foram adequados, e dependendo da idade da lavoura também ocorre perda de potencial produtivo.
 
A região está muito preocupada com as condições climáticas para este ano, uma vez que o solo não é nutrido com a quantidade necessária de água, sendo assim caso a seca se prolongue haverá uma maior chance das plantas sofrerem estresse, afirmou Cerqueira.
 
"Hoje é essencial o produtor trabalhar com tecnologia para garantir a qualidade e produtividade. Esses dois pontos se eles não forem atingidos já prejudica o pronto e equilíbrio dos custos. O produtor que produzir abaixo dos 30 sacas por hectare no ano, já compromete sua rentabilidade", explica.
 
Além disso, é preciso levar em consideração a qualidade, já que uma produção de bebida fraca nestes níveis não remunera o produtor.
 
A cooperativa possui a certificação Fairtrade, que é voltada a associações e cooperativas de pequenos produtores, beneficiando e incentivando a agricultura familiar, pois o retorno financeiro propiciado pelo selo permite que o pequeno produtor rural mantenha sua cultura e melhore sua qualidade de vida. Esse retorno se dá pelo fato do Fairtrade garantir um preço mínimo pelo café. Além do preço mínimo, a certificação também garante aos participantes um prêmio a ser aplicado em benefício de suas comunidades.
 
"Produzir com qualidade, associada a uma certificação isso dá um acesso melhor ao mercado e poder remunerar o produtor de forma adequada", afirma Cerqueira.
 
Ainda, a trocas de café realizadas em feiras como a Femagri são muito vantajosas para os cafeicultores, já que "o produtor aproveita os bons preços, fixa eles e faz a troca do produto por maquinários ou insumos. Deixando o cafeicultor com certa tranquilidade, pois a base de custo dele está garantida", considera.
 
No mercado internacional o preço do café sofreu uma queda significativa nas últimas semanas. Cerqueiro afirma que pode haver manipulação dos operadores, haja vista que não houve motivos significativos para a queda.
 
"O mercado internacional não está na mão do produtor. Nós produzimos café, mas não colocamos preço nele. O Brasil ainda tem uma lição de casa muito grande a desempenhar no sentido de impor melhor seus preços no mercado internacional", ressalta.

 

Por: Aleksander Horta // Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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