Brasil tem como abastecer estoques na ICE e pode ser saída para setor de cafés especiais, o mais afetado pela Covid-19

Publicado em 08/09/2020 15:41 e atualizado em 08/09/2020 18:06
Entrevista com Eduardo Carvalhaes - Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes sobre o Mercado do Café
Eduardo Carvalhaes - Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes

Podcast

Entrevista com Eduardo Carvalhaes - Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes sobre o Mercado do Café

 

Download

A queda nos estoques monitorados da ICE pode voltar a movimentar o mercado de café nos próximos dias. Após baixas divulgadas na última semana, os estoques da ICE chegaram ao nível mais baixo dos últimos 20 anos. Responsável pela maior entrega de cafés na Bolsa, Honduras enfrenta severos problemas e pode não conseguir suprir a necessidade do mercado. 

Para Eduardo Carvalhaes, o Brasil tem potencial para suprir essa necessidade do mercado, o que poderia ser também uma saída para o setor de cafés especiais que foi o mais afetado pela pandemia do Coronavírus. O analista destaca que a produção de café no Brasil evoluiu muito nos últimos 30 anos, atendendo os requisitos da Bolsa. "Nós temos uma safra de ciclo alto em que o clima ajudou, então nós temos um número maior de cereja descascado que poderiam ser entregues lá", comenta. 

Carvalhaes afirma ainda que além de ser positivo para a imagem da cafeicultura brasileira, seria também muito positivo para o setor de especiais. "Nós estamos em um ano de pandemia, um ano que fechou cafeterias e restaurantes ao redor do mundo dando menos lugares para se vender cafés brasileiros e quem sabe a colocação para eles (cafés especiais) esse ano possa ser na Bolsa de Nova York", comenta. Segundo o analista, o mercado deve continuar acompanhando as tentativas de entregas do café brasileiro em Nova York. 

De acordo com uma publicação da agência Reuters, um lote de café arábica brasileiro foi certificado como apto a ser entregue na bolsa ICE, reforçando as apostas de que o aumento da disponibilidade de café no maior produtor mundial em breve começará a aliviar as preocupações com a oferta e pesar sobre os preços futuros. Ainda de acordo com a publicação, os diferenciais ou prêmios para cafés que geralmente são entregues ao ICE, como Honduras, aumentaram para níveis recordes nesta temporada, tornando inviável entregá-los à bolsa. Veja notícia completa aqui 

Mercado teve pregão com baixas de até 600 pontos nesta terça-feira

O primeiro pregão da semana foi movimentado para o mercado futuro do café arábica. As cotações iniciaram a sessão com quedas acima de 400 pontos e perdas de até 600 pontos foram registradas na Bolsa, que finalizou o dia com baixa de 190 pontos para o contrato com vencimento em dezembro/20, principal referência. De acordo com Carvalhaes, um conjunto de fatores justificam a movimentação intensa nesta terça. 

Carvalhaes destaca que nas duas últimas semanas Nova York subiu 1420 pontos e que é natural que o mercado realize uma sessão de realização de lucros após altas tão expressivos. Paralelo à isso, o dólar abriu o pregão com grande alta ante ao real, o que também dá suporte de queda para os preços na Bolsa. 

Além disso, o mercado de commodities abriu a terça-feira com intensa aversão ao risco após novas declarações do presidente Donald Trump. Além do café, também chegaram a registrar baixas os preços do milho, trigo e açúcar. 

Leia Mais:

+ Trump fala em proibir algodão de Xinjiang, na China, acirra tensões e commodities recuam forte nesta 3ª

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Volume de chuva no Vietnã ainda é abaixo do esperado e robusta ganha quase US$ 100 por tonelada
Com adversidades climáticas, produtor de café especial precisa recalcular rota e adotar novas estratégias na safra de 2024
Safra de conilon: Cafés começam a chegar e rendimento da safra pode ser menor do que o esperado
Exportações dos Cafés do Brasil atingem 16,24 milhões de sacas no primeiro quadrimestre de 2024
Preocupação com oferta volta ao radar e robusta ganha mais de US$ 60 por tonelada