Climatologista contesta formação de El Niño e diz que segundo semestre será sob influência do La Niña

Publicado em 31/03/2017 18:13
Com La Niña, chuvas abaixo da média na região Sul e parte do Sudeste podem comprometer produção da safra de verão
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Luiz Carlos Molion - Climatologista

 

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As principais agências climáticas dos Estados Unidos apontam para 60% de chance de incidência do El Niño para o segundo semestre deste ano. No entanto, o climatologista Luis Carlos Molion, em várias conversas com o Notícias Agrícolas, apontou que a tendência seria de formação de um La Niña - e ele mantém sua estimativa.

"Todo mundo está apostando, mas eu estou na direção contrária", diz Molion. Ele concorda com o fato de que, neste momento, o Oceano Pacífico apresenta neutralidade. Mas ao contrário das agências, que mostram suas previsões a partir de uma média de 16 modelos dinâmicos e seis modelos estatísticos - entre os quais, alguns apresentam a incidência do La Niña, Molion baseia sua previsão no ciclo modal lunar.

O ciclo modal lunar é a variação da inclinação da órbita da Lua. De acordo com o climatologista, todas as vezes em que o plano de inclinação esteve em seu mínimo, ocorreu um El Niño forte seguido de La Niña. Para obter esse padrão, Molion possui uma tabela que mostra as relações desde o ano de 1885. Com isso, ele lembra que o ano de 2015/16, assim como 1997/98, apontou para este modelo. Logo, o La Niña poderia ocorrer a partir de setembro deste ano.

Em relação às águas aquecidas na costa do Peru e do Equador, ele justifica que o inverno rigoroso do Hemifério Norte foi responsável por "empurrar" a água quente do Oceano Pacífico para fora neste local e enviar para a costa da América do Sul, por meio de um vento do Oeste incidente sobre o Pacífico.

Ele lembra ainda que o Sul e o Sudeste já passam por entradas e saídas mais rápidas das frentes frias, sem produção frequente de chuvas. Isso seria um sinal de que o inverno no Hemisfério Norte já está se enfraquecendo. Com sol no Hemisfério Norte, o Pacífico deve entrar em seu regime normal e permanecer neutro até o mês de outubro.

Com este período neutro, o climatologista destaca que a safrinha brasileira de milho deverá ter um bom andamento, com os resultados esperados obtidos ao final. Chove, mas chove pouco nas áreas produtoras - no entanto, isso seria suficiente para manter a umidade do solo.

A partir de outubro, o novo La Niña instalado deve interferir no padrão de chuvas do ano que vem. De acordo com a correlação linear, o sul do país recebe menos chuvas e o norte e nordeste recebem um aumento das precipitações - o contrário ocorreria em um El Niño.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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