Queda na produção de café arábica em 2015 pode ser de 60% - Armando Matielli | Presidente da Sincal
A Bolsa de Nova York para o café arábica opera nesta sexta-feira (17) em baixa com a previsão de chuva na próxima semana. No entanto, o presidente da Sincal, Armando Matielli, acredita que essas chuvas não serão suficientes para minimizar as perdas na safra do próximo ano.
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Com o calor excessivo e a falta de chuvas nas principais regiões produtoras, a quebra deve ser uma das maiores na história do país podendo chegar a 60% na safra de arábica na temporada 2015/16, segundo Matielli.
“A chuva se chegar agora ou em novembro tanto faz, as perdas já estão consolidadas. Cerca de 35% das lavouras foram esqueletadas e 30% tem potencial produtivo zero em todo o parque cafeeiro”, explica o presidente da Sincal.
A falta de chuvas impede os produtores de realizar tratos culturais nos cafés que ainda podem produzir. E os cafeicultores de irrigação também já registram falta de água.
Em alguns municípios de Minas Gerais com tradição cafeeira, a seca também trouxe reflexos socioeconômicos. Os empregados de lavouras de café começam a ser demitidos. “A situação é crítica, nunca vi uma situação de tanta calamidade como está a região cafeeira e outras lavouras do Sudeste”, explica Matielli.
De acordo com o presidente da Sincal, as pequenas floradas que podem ser vistas na região não devem ter 'pegamento' e com as altas temperaturas a principal florada deve atrasar.
Com relação a alta na bolsa norte-americana, Matielli acredita que os operadores não tem noção da realidade da seca no parque cafeeiro. “Os operadores trabalham em cima de tela. Para o produtor, pé no freio, não é momento de fazer grandes investimentos. Nós não sabemos se essas lavouras que foram esqueletadas vão se recuperar. Podemos não ter café para pagar as contas no ano que vem”, ressalta.