EXCLUSIVO: Câmbio baixo e expectativa de excesso de oferta tiram rentabilidade da soja para 2010

Publicado em 27/07/2009 13:14 e atualizado em 27/07/2009 15:03
Soja negociada para 2010 já não tem rentabilidade e se câmbio continuar caindo, situação será ainda pior. Analista recomenda cautela e afirma que margens de lucros para a próxima safra serão curtas.

Se por um lado o clima chuvoso favorece o desenvolvimento das lavouras brasileiras, aliviando principalmente os produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul, que tiveram suas lavouras prejudicadas com a estiagem do primeiro trimestre, as projeções de uma safra cheia está derrubando os preços da soja e do milho. De acordo com Fernando Muraro, analista da AgRural, a soja para 2010 já não tem rentabilidade. A expectativa de safras recordes nos EUA e o câmbio baixo também influenciam a queda dos preços da soja.

Muraro explica que o ano está mais chuvoso devido a ação do El Niño. “Este ano o clima está se consolidando com perfil de El Niño, que é mais chuvoso mesmo. Em anos de El Niño, nós temos produtividade sempre acima do esperado”. A única região prejudicada por este tipo de clima, de acordo com o analista, é o centro-oeste brasileiro, onde as chuvas não chegam a tempo de garantir o desenvolvimento das plantas, mas chove muito na época da colheita.

O analista afirma que o cenário em 2010 será bem parecido com o que estamos vivenciando em 2009. A soja negociada para 2010, segundo ele, já não tem rentabilidade. “Estamos vendo o câmbio abaixo de R$ 1,90 e todo mundo está querendo plantar soja e milho... Neste momento, a imagem que devemos usar é um sinal amarelo passando para o vermelho. A soja em Mato Grosso já não tem rentabilidade para 2010, olhando hoje para a colheita de março”.

Segundo Muraro, a situação dos produtores só não foi pior este ano porque as quebras de safra na América Latina e as grandes compras da Argentina seguraram os preços. O analista afirma ainda que, se o dólar cair mais, nós poderemos testemunhar uma crise para a soja no centro-oeste. Ainda assim, ele aconselha o produtor a plantar a soja, porém, com bastante atenção. “É um cenário mundial. Tivemos um primeiro semestre muito bom, até excelente, em algumas partes do planeta, porque a soja saltou de US$ 8 para US$ 13 no mês de junho. Assim, um primeiro semestre interessante gera intenção de plantio maior no segundo semestre”.

Safra americana
Muraro afirma que a expectativa de safra farta nos EUA continua influenciando o mercado. “No relatório de agosto do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nós devemos ter um incremento na produtividade norte-americana”. Ele informa ainda que a safra norte-americana de soja deve ser de aproximadamente 90 milhões de toneladas.

Em algumas áreas, porém, a safra de milho deve estar diminuída no relatório USDA. “A safra de milho norte-americana se mostra muito boa e a safra de soja se define em agosto... Só o que pode alterar este perfil seriam as geadas precoces”.          


Fonte: Redação

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